FÓRUM PLANETA CAMPO

Rastreabilidade é chave para garantir sustentabilidade na cadeia de alimentos, dizem lideranças

Líderes apontam que o monitoramento pode agregar valor aos produtos, atender exigências de mercados e reduzir impactos ambientais

Rastreabilidade é chave para garantir sustentabilidade na cadeia de alimentos, dizem lideranças

A construção de um sistema de rastreabilidade total da cadeia de alimentos no Brasil foi tema de debate no painel realizado na tarde desta terça-feira (11) durante o Fórum Planeta Campo, na COP30, em Belém. Setor agropecuário, varejo e cooperativas defenderam que o avanço da rastreabilidade depende de tecnologia, assistência técnica, capacitação e articulação entre produtores, governo e empresas.

Pará e Santa Catarina se destacam na rastreabilidade do rebanho

A diretora de Sustentabilidade da JBS, Liège Correia, ressaltou que a rastreabilidade individual do rebanho já é uma realidade pioneira no Pará, com impacto direto na gestão e no monitoramento ambiental das propriedades. Ela lembrou que Santa Catarina já opera com 100% do rebanho rastreado.

Segundo Liège, a JBS tem apoiado a expansão do sistema por meio da doação de equipamentos e suporte técnico qualificado aos produtores. Ela destacou que a partir do próximo ano a rastreabilidade será obrigatória, e por isso, considera essencial investir em educação e crédito rural, para que pequenos e médios produtores possam se adequar.

“Não basta tecnologia. É preciso formação e acesso a financiamento para que todos consigam entrar no processo”, afirmou.

Produtores defendem valorização do rebanho e do território paraense

Representando a Faepa, Guilherme Minssen reforçou que o Pará tem condições de liderança no tema. O estado possuí um rebanho bovino que reúne 300 mil animais e tem histórico de protagonismo na pecuária, desde a erradicação da febre aftosa.

“Somos o segundo maior rebanho do país, com o boi mais verde e barato, e frigoríficos modernos. Temos tradição, capacidade e gente formada dentro da pecuária”, afirmou.

Minssen defendeu que o avanço da rastreabilidade deve vir acompanhado de capacitação contínua dos produtores, técnicos e trabalhadores rurais, para garantir consistência e padronização dos dados.

Varejo vê consumidor mais atento à origem do alimento

A vice-presidente de Assuntos Corporativos, Jurídico e ESG do Carrefour Brasil, Nelcina Tropardi, afirmou que o varejo tem um papel de articulador da mudança. Com presença em todos os estados, o grupo informou que monitora as propriedades fornecedoras e apoia iniciativas de rastreabilidade no Pará.

Segundo ela, o consumidor brasileiro quer saber a origem e o impacto do que compra, mas precisa ter preço acessível, o que exige coordenação entre produtor, indústria, varejo e Estado.

“Só vamos alcançar a rastreabilidade total se houver ação conjunta. E isso passa também por treinamento e formação no campo”, disse.

Cooperativa vê rastreabilidade integrada a sustentabilidade e sucessão

A gerente de ESG da Cooxupé, Natália Fernandes Carr, destacou que a cooperativa, formada por cerca 20 mil cooperados, sendo 97% pequenos produtores de café, trabalha com rastreabilidade há décadas, mas que o sistema entrou em uma nova fase ao se integrar à sustentabilidade e ao desenvolvimento social.

Ela explicou que, após avanços em produtividade e qualidade, o novo foco é impacto socioambiental. Entre os projetos citados estão corredores ecológicos implantados dentro das lavouras e programas de sucessão familiar, para manter jovens no campo.

“Hoje a rastreabilidade precisa conectar produtividade, sustentabilidade e inclusão social. O café e o cooperativismo fazem parte da solução climática”, afirmou.