Relatórios de sustentabilidade: por onde começar?
Confira como demonstrar aos consumidores e investidores as boas práticas da sua propriedade, bem como os planos para o futuro
As discussões sobre ética, gestão e impactos sociais e ambientais estão cada vez mais presentes no mundo dos negócios e na produção agrícola. Sendo assim, além de fazer, é importante também provar e mostrar o que tem sido feito nas propriedades rurais brasileiras.
Por este motivo, o Planeta Campo recebeu o CEO da Integrow, João Santos, para falar sobre como o produtor pode mostrar aos consumidores e investidores relatórios que demonstrem a realidade das fazendas, bem como os planos para se adequar aos pilares do ESG (sigla em inglês para as boas práticas ambientais, sociais e de governança) no futuro.
“O primeiro passo é que esse produtor precisa saber quais são os temas, os indicadores aderentes ao negócio dele, a partir das referências externas. Muitas vezes o produtor já faz muitas coisas boas, mas ele não conseguiu relatar nem medir. Então a primeira coisa é que ele precisa começar a entender um pouco quais são essas diretrizes a partir do Plano ABC+, por exemplo, do Governo Federal. O Plano tem oito grandes objetivos, desses oito, o que eu estou fazendo? Como eu posso relatar não só o que eu estou fazendo, mas medir o resultado? Quando a gente fala de emissões, a gente tem aí o primeiro passo é fazer um inventário dessas emissões. Então esse inventário exige a contratação de um especialista ou de uma consultoria especializada, que dentro de um protocolo internacional chamado de GHG, que tem o escopo 1, 2 e 3 etc., vai fazer uma série de perguntas, preencher uma planilha e vai falar: ´olha, você hoje emite x toneladas de carbono no meio ambiente´. Aí O próximo passo é entender em que medida você vai adotar ações de melhoria, porque o que os investidores estão cobrando não é só o relatório de sustentabilidade, é fazer o relato, dentro desses sistemas, desses indicadores, o que está sendo feito, mas eventualmente também mostrar o seu plano de melhoria. que é sair da fotografia que é o relatório anual, o que os investidores chamam do filme e aí você tem que ter ferramentas para poder registrar monitorar e controlar o seu plano tático de melhoria também. É isso que você tem que mostrar para o investidor ou para o banco”, explicou João.
Ele também falou sobre a importância dos indicadores GRI, normas globais que representam as melhores práticas de ESG. “Você já imaginou se cada empresa, se cada produtor decidisse por ele próprio o que ele acha sustentável, como seria? Iria virar uma bagunça. Foi por isso que o GRI surgiu em 1997 no mundo inteiro, para padronizar quais são os temas e os indicadores que as empresas devem considerar para fazer os seus relatórios de sustentabilidade e, mais do que isso, quais são os temas dos indicadores para medir o impacto da sua atividade nas pessoas e no planeta. Então, se você considerar todo o conjunto de indicadores, é bastante coisa, são 148 indicadores que entram na parte social, ambiental, de governança e econômica, que devem ser selecionados pelo produtor, de acordo com a materialidade, ou seja, tem algumas coisas que vão ser aplicáveis ao negócio dele, tem outras que vão ser menos importantes e tem coisas que vão ser mais importantes”.
Apesar de parecer uma tarefa complexa, Santos garante que a tecnologia pode facilitar o processo. “Através de tecnologia você consegue, através de uma plataforma, com muito poucas horas de consultoria, montar o seu relatório de sustentabilidade e o seu plano de ação de melhoria. E aí você consegue produzir métricas, gráficos de acompanhamento e são essas coisas que chamam a atenção de um banco que vai oferecer um financiamento ou de um investidor, que ainda fazem um pouco de falta no mercado. Não basta ter um papel, um relatório dizendo o que se faz”.
Confira o programa Planeta Campo com a participação de João Santos na íntegra