Solução para a Amazônia está na pecuária

Andrea Azevedo, diretora executiva do fundo JBS pela Amazônia, discute os principais desafios enfrentados pelos pequenos produtores na região amazônica e as soluções inovadoras para promover uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

A pecuária na Amazônia Legal desempenha um papel essencial na economia local, representando 15% do PIB regional e concentrando 42% do rebanho bovino do Brasil. Contudo, os pequenos produtores enfrentam obstáculos significativos para manter a atividade de maneira sustentável. Andrea Azevedo, diretora executiva do fundo JBS pela Amazônia, apontou os principais desafios e apresentou soluções inovadoras que podem transformar o cenário da pecuária na região.

Entre os problemas mais urgentes, Andrea destacou a falta de assistência técnica adequada, o que limita o acesso dos produtores às tecnologias necessárias para enfrentar as mudanças climáticas e melhorar a produtividade. Outro desafio é o acesso ao crédito, dificultado pela irregularidade fundiária e ambiental das propriedades. Apenas 12% dos agricultores familiares no Pará, por exemplo, conseguem obter crédito.

Além disso, a logística e os custos elevados de insumos tornam a produção menos competitiva. “Os produtores precisam se organizar em cooperativas para comprar insumos a preços mais acessíveis”, afirmou Andrea. A regularização ambiental também é um ponto crítico, pois sem ela os produtores não conseguem acessar o financiamento necessário para melhorar suas práticas produtivas.

Iniciativas privadas como solução

Modelos de negócios inovadores estão surgindo para apoiar a transição para uma pecuária de baixo carbono. O fundo JBS pela Amazônia está implementando parcerias como o projeto Rio Capim, que inverte a lógica tradicional da pecuária. Nesse modelo, pequenos produtores recebem assistência técnica e acesso ao crédito para intensificar a recria, aumentando em até seis vezes a rentabilidade. “Esse modelo permite que os pequenos produtores superem barreiras financeiras e tecnológicas, promovendo uma produção mais sustentável e lucrativa”, explicou Andrea.

Ela também mencionou a importância de soluções híbridas público-privadas para melhorar o acesso à assistência técnica e ao crédito, garantindo que a produção seja mais eficiente e sustentável a longo prazo.

Apoio do setor público e desafios regulatórios

Andrea ressaltou o papel fundamental do setor público na modernização das Emater e no suporte à regularização fundiária. “Sem assistência técnica, é impossível que os pequenos produtores mantenham uma produção eficiente e sustentável”, alertou. A flexibilização das regras de crédito e o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade são essenciais para garantir o futuro da pecuária na Amazônia.