Sustentabilidade do agro é destacada em audiência para diplomatas no Senado
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, e o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, participaram, em 24 de agosto, da audiência pública “Agronegócio sustentável: a imagem real do Brasil”, promovida pelo Senado. Moretti e Miranda destacaram, respectivamente, o avanço da descarbonização da agricultura e a importância do reconhecimento do mundo rural na preservação do […]
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, e o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, participaram, em 24 de agosto, da audiência pública “Agronegócio sustentável: a imagem real do Brasil”, promovida pelo Senado. Moretti e Miranda destacaram, respectivamente, o avanço da descarbonização da agricultura e a importância do reconhecimento do mundo rural na preservação do meio ambiente.
O evento teve o objetivo de atualizar o corpo diplomático brasileiro e os diplomatas estrangeiros sediados no Brasil sobre a realidade do agro nacional. A audiência pública foi coordenada pela presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a senadora Kátia Abreu (PP-TO).
Dada a importância dos temas abordados pelos gestores da Embrapa, ela indicou a inclusão das apresentações na programação do Brasil na COP26, a ser realizada em novembro, na Escócia.
A Embaixada do Brasil nos Estados Unidos também solicitou que a apresentação do chefe-geral da Embrapa Territorial seja traduzida e divulgada no país.
Descarbonização da agricultura
O presidente da Embrapa mostrou que é possível ter, ao mesmo tempo, uma agricultura competitiva e sustentável. Ele apontou algumas tecnologias desenvolvidas ou em evolução pela Empresa e parceiros que contribuem para uma agricultura de baixa emissão de carbono.
Entre as tecnologias, Moretti citou a Carne Carbono Neutro, o Programa Soja Baixo Carbono e o Leite “Net Zero”. A tecnologia Carne Carbono Neutro incentiva a produção de carne em sistemas neutralizadores de emissões de gases de efeito estufa (GEE). O Programa Soja Baixo Carbono desenvolve uma metodologia nacional capaz de certificar práticas de produção de baixa emissão de GEE. E o Leite “Net Zero” apresenta um plano de adequação para conversão de propriedades leiteiras em produtoras de leite carbono neutro.
Para o dirigente da Embrapa, um fato preocupante para o agro brasileiro é a dependência externa de adubos fosfatados. “A busca por bioinsumos é uma prioridade para a pesquisa agropecuária. Por isso é que lançamos, em parceria com o setor privado, um inoculante capaz de substituir ou reduzir até 50% da aplicação fosfatada. É o Biomaphos, inicialmente específico para a cadeia do milho”, disse.
Moretti abordou também as políticas de descarbonização e sustentabilidade, como o Código Florestal, o Renovabio, o PronaSolos e o Plano ABC+, lançado pelo Mapa em abril, com vigência até 2030. Ele reforçou o comprometimento da Empresa para o avanço da descarbonização da agricultura no Brasil, por meio de metas no seu VII Plano Diretor (PDE).
Mitos da ocupação territorial
O pesquisador e chefe da Embrapa Territorial respondeu a dois mitos relacionados à ocupação e à preservação ambiental do território brasileiro: (1) o Brasil não protege a vegetação nativa e (2) agricultores desmatam e não preservam a vegetação nativa.
Sobre a proteção da vegetação nativa, Miranda apresentou dados comprovando que o Brasil tem a maior rede de áreas protegidas do planeta. As 2.471 áreas já decretadas em unidades de conservação e terras indígenas alcançam 2.584.808 km2, ou 30,3% do território nacional. Os dez maiores países do mundo protegem em média 11% de seus territórios e o Brasil, quase três vezes mais. A liderança brasileira em áreas protegidas é atestada no relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) sobre as áreas protegidas do planeta.
De acordo com estudos desenvolvidos pela UD, a área total destinada à preservação e à proteção da vegetação nativa equivale a 66,3% do território brasileiro. “Apesar de o Brasil dedicar mais território do que qualquer outro à proteção da vegetação nativa, o País é alvo constante de críticas por parte de países e organizações estrangeiras”, comentou Miranda.
Sobre o mito de que os agricultores não preservam a vegetação nativa, ele apresentou a quantificação cartográfica da área destinada à preservação por cerca de seis milhões de imóveis rurais em todo o Brasil. Os mapas das áreas preservadas de 5.992.323 imóveis rurais, a título de reserva legal e áreas de preservação permanente, etc., estão registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Há seis anos, a Embrapa Territorial desenvolve métodos de geoprocessamento e cartografia digital no processamento dos dados do CAR. O mundo rural brasileiro dedica à preservação da vegetação nativa uma área total de 2.739.693 km2 em terras privadas, ou 32,2% do território nacional. Os dados da Embrapa atestam que os produtores brasileiros preservam quase um terço do território nacional em suas terras privadas.
“Dentro dos imóveis rurais, em média, metade da área é destinada à preservação da vegetação nativa. Ou seja, os agricultores utilizam para produzir apenas a metade da sua propriedade. É como se o produtor rural tivesse uma espécie de parque nacional dentro do seu imóvel e não recebe nada para mantê-lo”, declarou.
O patrimônio fundiário imobilizado – pelo valor das áreas de vegetação nativa, custo de manutenção e perda de produção – é estimado em mais de R$ 2 trilhões. “Esse esforço do produtor rural precisa ser conhecido, para ser reconhecido no Brasil e no mundo. Nenhuma categoria profissional preserva mais o meio ambiente e dedica mais recursos e tempo a isso do que os produtores rurais brasileiros”, enfatizou Miranda.
Fonte: Embrapa