Técnicas sustentáveis posicionam milho de pipoca em MT entre as dez mais eficientes do mundo
Segundo pesquisa do Imaflora em parceria com uma indústria alimentícia, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na produção de milho de pipoca no Brasil são cerca de 70% menores que a média global.
Segundo pesquisa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, o Imaflora, em parceria com uma indústria alimentícia localizada no município de Campo Novo do Parecis, no Estado do Mato Grosso, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na produção de milho de pipoca no Brasil são cerca de 70% menores que a média global.
Só para se ter uma ideia, no mundo, a média de emissões de GEE para se produzir milho é estimada em 1,7 tCO2e por tonelada de produto, para as quais as emissões provenientes da fazenda contribuem com quase 50% ou 0,81 tCO2e por tonelada de grão produzido (Poore & Nemecek, 2018).
Com base nos dados pesquisados, em Mato Grosso as emissões dos milhos de pipoca estão entre os dez sistemas mais eficientes de produção global de milho, registrando cerca de 0,25 tCO2e em emissões de gases de efeito estufa por tonelada de produto.
Com o título “O sistema de produção de milho branco e pipoca: uma estimativa dos estoques de carbono e GEE”, a pesquisa evidencia que o plantio direto (PD) e a integração lavoura pecuária (ILP) tem potencial de manter os estoques de carbono no solo nos mesmos níveis da vegetação nativa. Entretanto, para algumas áreas, a rotação de cultivos mais diversificada e de longo prazo é necessária.
Plantio Direto
O plantio direto é um sistema diferenciado de manejo do solo, com o objetivo de diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas. A utilização deste sistema no lugar dos métodos convencionais tem aumentado significativamente nos últimos anos.
Nele, a palha e os demais restos vegetais de outras culturas são mantidos na superfície do solo, garantindo cobertura e proteção do mesmo contra processos danosos, tais como a erosão. O solo só é manipulado no momento do plantio, quando é aberto um sulco onde são depositadas sementes e fertilizantes. Não existe, nenhum método de preparo do solo.
O mais importante controle que se dá nesse modo de cultivo é o das plantas daninhas, através do manejo integrado de pragas, doenças em geral e plantas infestantes. Também é muito importante para o sucesso do sistema que seja utilizado a rotação de culturas.
Estudos recentes estimam que existem cerca de 111 milhões de hectares de terras cultivadas em plantio direto em todo o mundo; Isso é cerca de 8% da área de cultivo global.
Integração lavoura pecuária (ILP)
Já o sistema de integração Lavoura-Pecuária (ILP) é uma estratégia de produção que integra culturas anuais e pecuária, no mesmo espaço, em consórcio, sucessão ou rotação, e busca potencializar a sinergia entre os componentes pecuária e lavoura.
Segundo a Embrapa, o ILP está inserido em um conceito mais amplo, que são os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Entre os objetivos desse sistema estão: recuperar a capacidade produtiva do solo; intensificar o uso da terra; disponibilizar alternativas de produção para agricultura de baixo carbono; contribuir para diminuir o desmatamento e melhorar o nível tecnológico e gerencial de técnicos, produtores e colaboradores. Normalmente, a integração Lavoura-Pecuária é implantada em duas circunstâncias: quando a lavoura é cultivada em áreas de pastagens ou quando a pastagem é introduzida em áreas de lavoura.
Outros resultados
Para o Imaflora, o escalonamento de sistemas de plantio direto e a integração lavoura pecuária em áreas de pasto degradado, somente no Mato Grosso, sequestraria cerca de 300 milhões de toneladas de carbono no solo (ou 1.100 MtCO2e), o que corresponde a quase 120% do total das reduções de emissões prometidas pelo Brasil no Acordo de Paris no ano de 2030 (925 MtCO2e).
As análises ainda sugerem que manter ou expandir o plantio direto e, especialmente, a integração de lavoura e pecuária em solos degradados na região do MT constitui uma estratégia importante para atender a produção de alimentos no futuro e reduzir as emissões de GEE do país.
Ainda de acordo com o Instituto, as áreas de pastagem degradadas são um ponto de atenção e de oportunidades. Essas áreas reduzem significativamente os estoques de carbono no solo quando comparadas à vegetação nativa, ao passo que o plantio direto e a integração lavoura pecuária têm potencial para manter os níveis originais.
Se os sistemas de produção forem melhorados para sequestrar carbono nos solos de forma ainda mais eficiente, o cultivo de milho de pipoca pode potencialmente se tornar um sumidouro de GEE, especialmente em áreas de pastagem degradadas.
No Brasil cerca de 60 milhões de hectares de pastagem, dos quais 10 milhões se localizam no estado do Mato Grosso, podem estar sob algum tipo de degradação e, portanto, ineficientes do ponto de vista agropecuário.