EMBRAPA MILHO E SORGO

Tecnologia brasileira leva bactéria do semiárido para combater seca nas lavouras

Desenvolvido com uma bactéria do semiárido, o Hydratus é um bioinsumo que fortalece raízes e ajuda a planta a resistir ao estresse hídrico, promovendo uma agricultura mais sustentável.

Tecnologia brasileira leva bactéria do semiárido para combater seca nas lavouras

A falta de chuvas tem sido um desafio constante para os produtores rurais de várias regiões do Brasil. Pensando em soluções para esse problema, a Embrapa Milho e Sorgo lançou o Hydratus, um bioinsumo inovador à base de uma bactéria isolada em solos do semiárido. A tecnologia promete melhorar o desenvolvimento das plantas mesmo sob condições severas de estresse hídrico, aumentando a produtividade de culturas como soja e milho.

Quem explica como essa solução funciona é a pesquisadora Eliane Gomes, responsável pelo projeto na Embrapa. Segundo ela, o Hydratus é um inoculante biológico que contém a bactéria Bacillus subtilis, conhecida por sua capacidade de estimular o crescimento radicular das plantas. O resultado é uma planta com raízes mais profundas e resistentes, capaz de buscar água em camadas mais profundas do solo e manter seu desenvolvimento mesmo com pouca umidade.


Como a bactéria age para fortalecer a planta

A pesquisadora explica que a bactéria do Hydratus atua de duas formas principais:

  • Produção de fito-hormônios: essas substâncias naturais estimulam o crescimento das raízes em profundidade e lateralmente, aumentando a absorção de água.
  • Liberação de exopolissacarídeos: compostos que criam uma espécie de “barreira protetora” ao redor das raízes, reduzindo a perda de água e aumentando a tolerância da planta à seca.

Além disso, essa bactéria também contribui para a solubilização de fósforo no solo, tornando-o mais disponível para as plantas e melhorando o aproveitamento de nutrientes — outro ponto importante para aumentar a eficiência agronômica sem depender tanto de insumos químicos.

“Tudo isso leva a uma produção mais sustentável, reduzindo o uso de químicos e incentivando o uso de soluções biológicas no campo”, destaca Eliane.


Registro no Mapa e testes com novas culturas

Atualmente, o Hydratus já possui registro no Ministério da Agricultura (Mapa) para uso na cultura da soja. No entanto, os estudos estão avançados para sua ampliação no milho e na cana-de-açúcar, com dezenas de experimentos sendo conduzidos em diferentes regiões do país.

“Só para a soja, realizamos mais de 30 testes em áreas comerciais. Isso comprova a eficácia da tecnologia”, afirma a pesquisadora.

O produto foi transferido para a empresa Bioma, responsável pela produção e distribuição em larga escala, graças a uma parceria público-privada que fortalece a inovação no agronegócio. A Embrapa segue focada na pesquisa e no desenvolvimento de novas cepas bacterianas com potencial de atuação em outros tipos de estresse, como salinidade e temperaturas extremas.


Benefícios ambientais e impacto no futuro do agro

A adoção do Hydratus nas lavouras representa um passo importante para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas na agricultura. Além de permitir o crescimento das plantas em solos com baixa disponibilidade de água, o bioinsumo contribui para:

  • Maior eficiência no uso da água
  • Redução de insumos químicos
  • Aumento da resiliência das lavouras
  • Menor impacto ambiental da produção

“É uma ferramenta essencial para quem busca produtividade com sustentabilidade. O Hydratus representa um futuro mais equilibrado entre produção e preservação”, conclui Eliane.

A Embrapa segue investindo na pesquisa de microrganismos nativos e no desenvolvimento de novas soluções biológicas que ampliem as possibilidades de uso do bioinsumo em diferentes culturas e biomas do país.