Tecnologia inovadora da Embrapa aumenta a produtividade com bioinsumo para absorção de fósforo
A pesquisadora Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, explica como o bioinsumo desenvolvido pela instituição auxilia na absorção de fósforo, melhorando a produtividade das lavouras de milho, soja, cana-de-açúcar e feijão, com impactos financeiros significativos.
A Embrapa, por meio de uma parceria público-privada, desenvolveu uma tecnologia que vem transformando a agricultura brasileira: um bioinsumo capaz de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas. Esse avanço, detalhado pela pesquisadora Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, tem se mostrado essencial para superar as limitações do solo brasileiro, especialmente no que se refere à disponibilidade de fósforo, um dos nutrientes mais importantes para o crescimento saudável das plantas.
Como funciona o bioinsumo?
O bioinsumo desenvolvido pela Embrapa é composto por duas bactérias benéficas, Bacillus sp., que possuem a capacidade de tornar o fósforo do solo mais disponível para as plantas. Isso ocorre por meio da produção de substâncias como ácidos orgânicos e enzimas que facilitam a absorção do fósforo, que de outra forma ficaria preso nas partículas do solo, principalmente em solos tropicais como os brasileiros, onde o fósforo é rapidamente adsorvido e não disponível para as plantas.
“Essas bactérias ajudam a liberar o fósforo que já está no solo, mas que não está acessível para as plantas. Elas atuam de maneira biológica e já fazem isso há bilhões de anos na natureza”, explica Christiane Paiva.
Impactos econômicos e de produtividade
Desde o lançamento do bioinsumo, em 2019, os benefícios econômicos têm sido significativos, com um retorno estimado em mais de R$ 4 bilhões para a agricultura brasileira. Isso ocorre principalmente devido ao aumento da produtividade das lavouras de milho, soja, cana-de-açúcar e feijão.
No milho, por exemplo, os produtores têm registrado aumentos de até 13 sacas por hectare, o que representa um aumento de até 7,88% na produtividade. Na soja, o aumento é de 6 a 7%, o que equivale a mais de 5 sacas adicionais por hectare. No caso da cana-de-açúcar, o produto tem proporcionado um aumento superior a 15% tanto na tonelagem de cana quanto na produção de açúcar.
Foto: Guilherme Viana
Sustentabilidade e eficiência no uso de fertilizantes
Além dos ganhos em produtividade, o uso do bioinsumo da Embrapa contribui para a sustentabilidade da agricultura, pois melhora a eficiência no uso de fertilizantes. Ao facilitar a absorção do fósforo, o produto reduz a necessidade de aplicação excessiva de adubos, o que gera uma economia significativa para os produtores e minimiza o impacto ambiental da agricultura.
“Esse bioinsumo também auxilia na convivência das plantas com estresses, aumentando sua resistência e saúde. A utilização dessa tecnologia traz ganhos não só financeiros, mas também no aspecto ambiental e de sustentabilidade”, afirma a pesquisadora.
Expansão para outras culturas
O sucesso do bioinsumo nas lavouras de milho e soja gerou interesse em sua aplicação em outras culturas. A cana-de-açúcar e o feijão, por exemplo, também têm apresentado resultados promissores, com ganhos de produtividade de até 20% no feijão, uma cultura que recentemente passou a utilizar o produto.
Inovação e retorno para o país
Com um impacto financeiro significativo e melhorias na sustentabilidade agrícola, o bioinsumo da Embrapa é uma inovação que vem demonstrando seu potencial para transformar a agricultura brasileira. Ao melhorar a eficiência na absorção de fósforo e promover maiores rendimentos nas lavouras, a tecnologia tem se mostrado uma aliada poderosa na busca por uma agricultura mais produtiva e sustentável no Brasil.