Durante entrevista para o especial COP TV do Agro, transmitido na tarde desta sexta-feira (14), pelo YouTube do Canal Rural, o secretário do Meio Ambiente do Tocantins, Divaldo Rezende, detalhou o estágio avançado do estado na implementação do RED+ Jurisdicional, mecanismo global voltado à redução de emissões por desmatamento e degradação florestal. Segundo ele, a iniciativa abrange 10 milhões de hectares e busca transformar o Tocantins em referência em produção sustentável e novos ativos ambientais.
Consultas amplas e auditoria internacional
Divaldo explicou que o RED+ jurisdicional se diferencia por ser aplicado a um território inteiro, e não a projetos isolados. No caso do Tocantins, o programa analisado se concentra exclusivamente nas áreas de floresta.
Na semana anterior ao evento, o estado recebeu uma auditoria internacional, fase essencial para validação do programa. O processo envolveu mais de seis meses de consultas, com 60 reuniões e participação de diversos grupos sociais: povos indígenas, comunidades quilombolas, agricultores, setor produtivo e organizações locais.
“Todo esse trabalho foi construído coletivamente. As escolhas das temáticas financiadas pelo programa nasceram do diálogo com quem vive e produz no território”, afirmou.
Fundo Clima garante governança e acesso aos recursos
Para operacionalizar o RED+, o Tocantins criou um Fundo Clima estadual, estruturado para receber os recursos do programa. A partir dele, serão lançados editais para que associações e organizações possam apresentar projetos.
Segundo o secretário, mesmo entidades que não têm capacidade técnica para elaborar propostas receberão apoio. O princípio central é que os próprios beneficiários definam as linhas temáticas, priorizando ações de conservação e produção sustentável. Produtores rurais serão atendidos por meio de suas associações.
Articulação interestadual amplia alcance
Divaldo destacou ainda o papel estratégico do Tocantins em blocos regionais. O estado integra tanto o Consórcio Brasil Central quanto o Consórcio da Amazônia Legal, ampliando sua participação em agendas de planejamento, programas estratégicos e desenvolvimento de novos ativos ambientais.
“Tocantins é diplomático. Participar dessas duas frentes nos permite chegar mais longe e abrir novas oportunidades”, afirmou o secretário.
Interesse internacional pelos créditos
Com o avanço do programa, o estado já recebe consultas de países interessados na compra dos créditos de carbono. Ao mesmo tempo, outros estados brasileiros têm solicitado informações sobre o modelo implantado no Tocantins.
“O Tocantins vive um desenvolvimento acelerado, puxado pelo agro, e estamos avançando na regularização ambiental e na análise do CAR”, explicou Divaldo.
O estado também está revisando seu RED+ jurisdicional e passou a integrar o Floresta+, programa federal que estrutura o RED+ nacional, fortalecendo a governança e a transparência das ações de conservação.
