O segundo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos levanta preocupações para o agro brasileiro e para a agenda ambiental global. O pesquisador Leonardo Munhoz, da FGV Agro, analisou os possíveis impactos das políticas do governo republicano durante entrevista exclusiva ao programa Planeta Campo.
Uma das principais propostas de Trump é aumentar tarifas de importação para proteger produtores americanos. Segundo Munhoz, essa medida pode afetar produtos como etanol de milho e carne, que competem diretamente com os norte-americanos. “As tarifas podem refletir na inflação de alimentos nos EUA, o que foi um tema sensível na última campanha eleitoral”, explicou.
Na área ambiental, o cenário também é desafiador. Trump prometeu reverter políticas de transição energética e retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris. Isso reduziria a responsabilidade do país em reportar emissões de gases de efeito estufa e comprometeria o financiamento climático para países em desenvolvimento.
“O governo americano nunca foi proativo no combate às mudanças climáticas, mas a saída do Acordo de Paris enfraquece ainda mais a agenda global. O Brasil, como anfitrião da COP 30, será vitrine para discussões ambientais e enfrentará desafios significativos”, afirmou Munhoz.
Outra preocupação é o impacto na competitividade tecnológica dos EUA. Durante o governo de Joe Biden, políticas como o Inflation Reduction Act impulsionaram a reindustrialização com foco em energia limpa e tecnologias verdes. No entanto, Trump planeja enfraquecer regulações como o Clean Air Act, o que pode prejudicar a evolução do país na transição energética.
Apesar das incertezas, Munhoz destacou que o Brasil pode se posicionar como líder ambiental global, independentemente das ações americanas. “A relação com a União Europeia e a nova Lei Antidesmatamento colocam o Brasil no centro das atenções, mesmo com a retirada dos EUA do Acordo de Paris”, disse.
O cenário político e econômico global continuará influenciando o agronegócio brasileiro, especialmente no que se refere à sustentabilidade e ao comércio internacional. Resta acompanhar como as promessas de Trump se transformarão em ações concretas e como o Brasil responderá a esses desafios.