Palavra de Especialista

Uso da água no campo exige inovação e governança participativa

Renato Rodrigues reforça que o uso da água no agro não é mais opcional, mas um ativo estratégico frente à crise climática.

Uso da água no campo exige inovação e governança participativa

No Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o especialista Renato Rodrigues fez um alerta claro no quadro Palavra de Especialista dessa semana: o uso da água no agronegócio precisa ser tratado como um ativo estratégico e não apenas como uma pauta ambiental.

Em tempos de mudanças climáticas intensas, cuidar da água deixou de ser uma opção. Tornou-se uma obrigação ética, econômica e ambiental.

Gestão da água é questão de sobrevivência no campo

Secas prolongadas, enchentes e eventos climáticos extremos já impactam diretamente a produção agropecuária. Nesse cenário, preservar recursos hídricos é garantir a continuidade da atividade produtiva.

Renato lembra que diversas práticas já vêm sendo adotadas no campo:

  • Proteção de nascentes e matas ciliares
  • Controle da erosão com curvas de nível
  • Uso de irrigação de precisão com sensores e tecnologias modernas
  • Plantio direto, que melhora a infiltração e retenção da água no solo
  • Uso de variedades resistentes ao estresse hídrico e térmico
  • Planejamento de bacias e construção de reservatórios

Cuidar da água é sinônimo de eficiência produtiva e de responsabilidade com as futuras gerações”, afirma o especialista.


Soluções integradas aumentam a resiliência

Para Renato Rodrigues, a adaptação à nova realidade climática exige inovação na gestão do solo, da água e dos sistemas produtivos. Ele destaca o papel de sistemas integrados, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a diversificação de cultivos, que ampliam a resiliência das propriedades.

Outra inovação mencionada é o uso de pó de rocha, ou remineralizadores do solo. Essa prática ajuda na retenção de umidade, melhora a saúde do solo e fortalece as plantas diante de eventos extremos.


Governança da água precisa ser mais democrática

Renato também chama atenção para a importância da governança da água no Brasil, que ainda é desigual. Segundo ele, pequenos produtores, comunidades tradicionais e povos indígenas muitas vezes não têm acesso adequado aos recursos hídricos.

“Água é um direito, e como todo direito, precisa ser garantido com justiça e participação”, ressalta. Ele defende o fortalecimento dos comitês de bacia hidrográfica, com mais presença de mulheres, jovens e agricultores familiares nas decisões.


Água e clima: ativos estratégicos e direitos fundamentais

O recado de Renato Rodrigues é direto: água e clima não são mais apenas temas ambientais. São ativos estratégicos para a continuidade da produção e direitos fundamentais para a vida no campo e na cidade.

Para o especialista, o futuro da produção agropecuária depende de gestão consciente, tecnologia aplicada e políticas públicas inclusivas, que coloquem a água como prioridade nacional.