A Vinícola Salton, uma das mais tradicionais do Brasil, está colhendo os frutos de uma decisão ousada: eliminar o uso de herbicidas em seus vinhedos e operar 100% com energia renovável. Localizada na Serra Gaúcha, a empresa dá um passo importante rumo à viticultura sustentável, aliando práticas ambientais a um modelo de produção eficiente e inovador.
Em entrevista ao programa Planeta Campo, o enólogo e diretor técnico da vinícola, Gregório Salton, explicou como foi possível atingir essas metas e os desafios enfrentados no processo. “A gente adotou o uso do azevém como planta de cobertura, criando uma barreira natural contra ervas invasoras, sem necessidade de herbicidas”, disse.
Plantas de cobertura substituem os herbicidas
O processo de transição no campo envolveu a escolha do azevém, uma gramínea bem adaptada ao bioma Pampa. Essa planta ajuda a suprimir o crescimento de espécies invasoras e melhora o ambiente para o desenvolvimento da videira, promovendo a saúde do solo, a fertilidade e a retenção de nutrientes.
“Além de eliminar o uso de defensivos, melhoramos a estrutura do solo, reduzimos a erosão e criamos um ambiente mais equilibrado”, afirmou Gregório. Ele destacou ainda que a mudança traz benefícios econômicos e ambientais, sem prejuízos à produtividade. “Não houve aumento de custos significativos. Pelo contrário, ganhamos eficiência nos processos.”
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Transição energética: 100% de energia renovável
Outro marco importante da sustentabilidade na Salton foi o cumprimento da meta de usar apenas energia renovável em todas as unidades de produção, alcançada em 2024. O processo começou em 2013 e envolveu a adoção de fontes hidrelétricas, solares e eólicas certificadas.
Gregório reforça que essa mudança ajuda diretamente na redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente no escopo 2 dos inventários de carbono. “Essa transição nos permite trabalhar com mais responsabilidade e reduzir nosso impacto ambiental de forma consistente.”
Sustentabilidade e competitividade lado a lado
Questionado sobre os custos das mudanças, o enólogo foi direto: “Não se trata de custo ou lucro imediato. Sustentabilidade é um processo. É construção, passo a passo”. Para ele, o segredo está em reinventar processos tradicionais, como os da vitivinicultura, e integrá-los a princípios de governança ambiental e social.
A vinícola mostra que é possível seguir produzindo com excelência, sem abrir mão de responsabilidade ambiental. O exemplo da Salton serve de inspiração para outras empresas do setor que desejam alinhar competitividade com compromissos sustentáveis.
