O que esperar do CAR no Ministério do Meio Ambiente?

Especialista acredita que mudança no CAR traz inseguranças, mas também oportunidades

O Cadastro Ambiental Rural, o CAR, voltou a ser de responsabilidade do Ministério do Meio ambiente com o novo governo federal, e não mais do Ministério da Agricultura.

De acordo com Ciro Antônio Rosolem, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), o primeiro impacto foi negativo, mas, por outro lado, pode ser uma oportunidade.

“O primeiro impacto que eu tive dessa notícia foi bastante negativo, pois não se mexe em time que está ganhando e as coisas haviam funcionado muito bem sobre a tutela do Ministério da Agricultura.  Por outro lado, acho que abre-se uma oportunidade se os ministérios trabalharem em harmonia, em conjunto, isso pode ser muito melhor para o país e para os agricultores, sejam grandes ou pequenos”, explica Rosolem.

Preservação e produção

Atualmente, 25% das florestas do território nacional estão preservadas em propriedades rurais. Isso corresponde a 40% da área preservada no Brasil. Número bastante representativo.

Sendo assim, Ciro alerta para o distanciamento do principal preservador: o produtor rural.

A propriedade agrícola é a principal preservadora do país então, no fim, eu acho muito complicado você tratar esse assunto como a preservação ambiental desvinculada do Ministério da Agricultura.”

O especialista também explica que essa mudança pode ser perigosa se for dada uma prioridade maior ao meio ambiente do que à produção.

O agronegócio responde por uma fatia considerável da economia brasileira, além de ser um player importante no cenário internacional. “O Brasil depende da agricultura e o mundo depende da agricultura brasileira”, afirmou.

Oportunidade

O Brasil assumiu na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021, a COP26, diversos compromissos ambientais. Ciro avalia que a agricultura deve ser considerada para alcançar essas metas.

“Nós temos que cuidar, preservar , cumprir as metas de baixar as emissões de carbono. A agricultura ao mesmo tempo que é tida como uma grande emissora de CO2, é a principal oportunidade de mitigar emissões. A agricultura é uma grande ferramenta que nós temos para fixar carbono no solo.”

Colaboração

O especialista acredita que abre-se oportunidades se os ministério trabalharem em harmonia. “Nós ainda não temos todas as informações para isso, mas a importância maior é que se tenha um objetivo comum. O problema de fato será se cada Ministério começar a trabalhar em sua direção, não em conjunto, e se colocar ideologias e ambições pessoais acima do bem comum.”