Parque das Neblinas é exemplo de preservação em áreas privadas
Reserva de 7 mil hectares da Suzano no bioma Mata Atlântica conserva 50% da bacia do Rio Itatinga e tem diversas ações de tratamento de água
O bioma Mata Atlântica já cobriu pelo menos um milhão de quilômetros quadrados do território nacional em mais de quinze estados. No entanto, atualmente restam aproximadamente 14% da sua configuração original, em sua grande maioria, localizadas em áreas privadas.
No estado de São Paulo, entre os municípios de Mogi das Cruzes e Bertioga, no distrito de Taiaçupeba, por exemplo, há uma área de vegetação conservada de sete mil hectares chamada Parque das Neblinas. O local é uma reserva ambiental mantida pela empresa Suzano e gerido pelo Instituto Ecofuturo.
“A Mata Atlântica é um bioma de altíssima biodiversidade e que, no entanto, ao longo do processo histórico, sofreu uma fragmentação significativa. Só para termos uma ideia, cerca de 100 milhões de brasileiros moram dentro do bioma Mata Atlântica, então por aí dá para ver a pressão que o bioma sofre. E o parque, quando o Ecofuturo assumiu a missão de fazer a gestão do Parque das Neblinas, de saída nós imaginamos estratégias que pudessem, de alguma forma, ajudar na conservação deste bioma que, sem dúvidas, é o mais ameaçado do país”, diz Paulo Groke, engenheiro florestal e diretor do Ecofuturo.
Recuperação da mata
A recuperação da Mata Atlântica no Parque das Neblinas acontece por meio da chamada regeneração natural assistida, processo que, como o próprio nome diz, acontece de forma natural e também com o semeio de árvores.
Essa foi a técnica escolhida para o manejo da maior parte do território, que passou por diversas transformações ao longo das décadas. “Nas décadas de 40 e 50 praticamente 50% da Mata foi transformada em carvão. tanto que a gente ainda tem os fornos presentes aqui e a gente mostra para as pessoas que visitam essa história de ocupação. Então [nós temos], inclusive, as mesmas trilhas hoje feitas pelos visitantes eram [as mesmas] utilizadas para escoamento dessas madeiras do carvão que era produzido na época. Além disso, no final da década de 60, a Suzano adquiriu a propriedade. Foi uma das primeiras fazendas adquiridas pela Suzano. A Suzano foi pioneira a fazer essa celulose com base na fibra de eucalipto”, conta Michele Martins, analista de sustentabilidade do Ecofuturo.
Conservação de água
O Parque das Neblinas também protege 50% da bacia do Rio Itatinga, importante patrimônio de água da região com 515 nascentes e 14 km do curso do rio passando por dentro da reserva, além de 15 nascentes do alto tietê.
“O Parque contribui para abastecer a bacia do Itatinga. Então aqui nós temos mais de 515 nascentes do Rio Itatinga, que é o principal rio que corta o parque. Parte desse rio é canalizado e vai para a usina que gera energia para o porto de Santos. Aqui a gente acaba percebendo também a importância da conservação para a bacia de um rio que é tão importante para a gente. Se a gente for fazer as conexões, a gente contribui para a manutenção hídrica de um rio que contribui para o abastecimento de um dos maiores portos da América Latina”.
Tratamento de esgoto e água
O Parque das Neblinas abriga um camping a aproximadamente 4 km da entrada e toda a água utilizada na instalação é tratada.
“Aqui na área de camping do Parque das Neblinas nós temos três formas de tratamento de água. Então nós fazemos o tratamento de água cinza por um sistema de captação que são as águas que saem das duchas e da cozinha, porque nós temos um rancho aqui que as pessoas que vêm acampar podem utilizar e que passam por alguns processos de decantação e depois passam por um lago, que é um lago onde nós temos alguns peixes, nós temos ali também algumas espécies de plantas que ajudam nessa filtragem da água e depois essa água vai para o Rio Itatinga. Um outro formato que nós temos é o banheiro seco e ali a gente separa o xixi do cocô. Então nós tratamos de forma separadas, o cocô vai para um tambor e depois vira adubo e o xixi é drenado com a água que fica recorrente ali o tempo todo. E um outro formato de tratamento que nós temos que é um formato de banheiro mais convencional, como os banheiros que nós temos em casa, que nós podemos fazer xixi e cocô no mesmo lugar, que é um sistema de fossa de bananeira. Então as raízes das bananeiras, na verdade, são as grandes filtradoras desse dejeto que sai desse banheiro. Esses sistemas são importantes para a sustentabilidade porque a gente também consegue demonstrar para as pessoas que vêm aqui as formas que a gente pode fazer esse tratamentos e acaba sendo também uma referência. Então eles vêem como é que a gente pode fazer o tratamento de uma forma mais adequada”.
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