Grupo visa aprimorar sistema de pesquisa agropecuária da Embrapa

O projeto tem por objetivo fazer com que a Embrapa se modernize, seja mais ágil, eficiente e continue cumprindo seu papel de vanguarda na agropecuária

Grupo visa aprimorar sistema de pesquisa agropecuária da Embrapa

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) criou em março deste ano um grupo de trabalho para aprimorar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).

O Grupo é composto por pessoas com comprovada experiência profissional e notório conhecimento na área de pesquisa agropecuária, como o ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Silvio Crestana, além de Ana Célia Castro (Embrapa), Roberto Rodrigues (eng. agrônomo e deputado), Luís Carlos Guedes Pinto (Embrapa), Pedro Camargo Neto (Embrapa) e Décio Luiz Gazzoni (Embrapa) .

De caráter consultivo, o Grupo de Trabalho de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária tem o objetivo de identificar demandas, avaliar as limitações do atual modelo e apresentar propostas para o aprimoramento do SNPA. As reuniões são quinzenais, mas podem ser realizadas extraordinariamente, se houver convocação.

Ao final dos estudos, previstos para serem encerrados em 90 dias a partir do início do projeto, será elaborado um relatório final com sugestões de aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, que será encaminhado ao ministro Carlos Fávaro. A participação no Grupo de Trabalho será considerada prestação de serviço público relevante, e não será remunerada.

Fávaro explica que o Grupo está debatendo novas tecnologias para indicar à nova diretoria da Embrapa e ao governo Lula caminhos para que a Embrapa se modernize, seja mais ágil, mais eficiente e continue cumprindo seu papel de vanguarda.

“A Embrapa completa 50 anos em 2023 e é muito importante olharmos os próximos 50 anos. O que estaremos produzindo e de que forma estaremos produzindo e qual o papel da Embrapa para que isso aconteça com mais eficiência e o Brasil continue sendo esse grande líder mundial na produção de alimentos”, destaca o ministro.

Reunião

O Grupo se reuniu nesta última quarta-feira (12) em São Paulo para consolidar os resultados da etapa inicial do trabalho.

Nesta etapa do trabalho foram consultadas lideranças da Embrapa e foram mapeadas as convergências e as principais questões relacionadas com o modelo de gestão, com vistas a um diagnóstico abrangente.

“A premissa deste grupo é de que, apesar de ser uma etapa que poderia ser considerada posterior à estratégia, trata-se de um pré-requisito para a implementação das mudanças necessárias”, explicou o pesquisador Silvio Crestana, ex-presidente da empresa e um dos integrantes do colegiado.

A reunião ocorreu na Fundação Getúlio Vargas e teve a participação de Crestana, Ana Célia Castro, diretora da Escola Brasileira de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e presidente do FGV Agro; Luís Carlos Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura; e Pedro Camargo Neto, produtor rural e ex-secretário de Produção e Comércio do Ministério da Agricultura.

Durante a reunião, foi soltado um documento demonstrando os avanços dos debates, as avaliações e demandas do grupo.

“Entendemos que, se o curso da história institucional recente da Embrapa não for radicalmente alterado, seu futuro será sombrio, marcado pela degeneração institucional, por perda de protagonismo e redução de sua importância enquanto agente gerador de tecnologias para a consolidação de uma agropecuária efetivamente sustentável e competitiva no Brasil”, diz o documento.

A declaração ainda destaca que a Embrapa deve retomar sua missão original de solucionar os problemas dos agropecuaristas, atuais ou previsíveis.

Confira as primeiras demandas do grupo

1. Revisão de seu enquadramento institucional de sua natureza jurídica, para que efetivamente reflita sua essência e sua atuação;

2. Recomposição do orçamento da Embrapa, atentando para parâmetros como sua real necessidade de recursos, em função do cumprimento da missão, levando em consideração o tamanho atual do agronegócio nacional (que pode ser expresso, empiricamente, pelo valor bruto da produção agropecuária). A Embrapa não pode mais depender de emendas parlamentares ou de busca de recursos em agências que têm sua própria agenda de pesquisa, devendo essas fontes serem apenas complementares, e utilizadas unicamente quando dizem respeito, diretamente, às suas prioridades de pesquisa;

3. Recomposição do quadro de colaboradores da empresa, que foi fortemente reduzido ao longo dos últimos anos, impedindo que possa atender com presteza e amplitude as demandas de seus clientes. Além dos pesquisadores, chamamos a atenção para a enorme deficiência de pessoal de apoio técnico, de campo e de laboratório, que limitam excessivamente a capacidade de ação dos pesquisadores;

4. Imediata desburocratização de suas normas operacionais, diminuindo a excessiva carga burocrática imposta à toda a estrutura, mas, especialmente sobre os pesquisadores. Comparativamente aos anos iniciais, após a criação da Embrapa, a demanda burocrática sobre os pesquisadores foi decuplicada, usurpando um tempo precioso que deveria ser dedicado ao desenvolvimento tecnológico da agropecuária brasileira.

5. Revisão de normas que cerceiam a eficiência da Embrapa.

6. Aprofundar as conexões dos cientistas da Embrapa com os pares, sejam eles de instituições nacionais, de outros países ou de órgãos internacionais. Incentivar e facilitar a participação de cientistas em eventos técnicos ou científicos, nacionais ou internacionais, em suas respectivas áreas de atuação, reconhecendo que esses eventos geram resultados preciosos, como a expansão do conhecimento e dos relacionamentos com os pares.

7. Assestar o foco da Embrapa no desenvolvimento tecnológico de uma agricultura sustentável, solucionando problemas atuais, realizando pesquisas com foco em problemas reais, concretos e atuais que limitam nossa produtividade, competitividade e sustentabilidade. Adicionalmente, deve dedicar-se ao avanço na fronteira do conhecimento (bio, nano e geo tecnologias), em parceria com a comunidade nacional e internacional de pesquisa agropecuária

8. Repensar exaustivo de um novo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, à luz dos aprendizados históricos, e levando em consideração a realidade atual, tanto das limitações dos governos estaduais, quanto das demandas específicas do agronegócio.