ESTRATÉGIA QUE PROTEGE

Manejo pré-seca na cana-de-açúcar reduz impactos da estiagem

Especialista da BRANDT Brasil explica como o manejo pré-seca fortalece a cana-de-açúcar contra o estresse hídrico e melhora a produtividade.

Manejo pré-seca na cana-de-açúcar reduz impactos da estiagem

Reduzir os impactos da estiagem na cana-de-açúcar é um desafio recorrente, principalmente nas regiões com inverno seco, como o Sudeste do Brasil. Uma das estratégias que vem ganhando espaço nas lavouras é o manejo pré-seca, tema da entrevista com o engenheiro agrônomo Marcelo Bissoli, executivo de desenvolvimento de mercado da BRANDT Brasil, no programa Planeta Campo.

Com o ciclo longo da cana e a previsibilidade da falta de chuvas, o manejo pré-seca surge como uma prática fundamental para manter a planta em boas condições fisiológicas. “O objetivo é preparar a planta para o estresse hídrico que virá, reduzindo os efeitos negativos na produção”, explicou Bissoli.

Preparar antes da estiagem faz toda a diferença

O primeiro passo para aplicar o manejo pré-seca é observar os dados meteorológicos e o histórico climático da microrregião. Segundo Bissoli, mesmo com a variação de anos com La Niña ou El Niño, há uma regularidade de estiagem no inverno no Sudeste, o que permite planejar o momento ideal para iniciar o manejo.

A planta sob estresse hídrico reduz sua atividade fisiológica: enrola as folhas, fecha os estômatos e diminui a fotossíntese. “Esse estresse gera espécies reativas de oxigênio, os famosos radicais livres, que são tóxicos para a planta. Por isso, o manejo ajuda a atenuar esse impacto”, destacou o agrônomo.

Etapas do manejo: do solo à folha

O manejo pré-seca envolve diversas etapas integradas, que vão do solo até a nutrição via folha. Veja os principais pontos:

  • Correção e preparo do solo: aplicar calcário e corrigir a acidez para favorecer o enraizamento.
  • Adubação de base: fornece os nutrientes essenciais antes do período crítico.
  • Plantio adequado: qualidade do plantil é a base para sucesso das etapas seguintes.
  • Matéria orgânica: aumenta a retenção de água no solo.
  • Nutrição foliar: uma alternativa viável para fortalecer a planta durante o estresse.

“Quanto mais matéria orgânica acumulada no ambiente, maior a capacidade de retenção de água, o que ajuda a planta a suportar a estiagem”, afirmou Marcelo.

Como identificar os sinais de um bom manejo

Segundo Bissoli, o produtor pode perceber a eficiência do manejo com sinais visíveis na lavoura. Plantas verdes, com folhas abertas e sem enrolamento indicam que continuam ativas e não sofreram com o estresse hídrico. Isso mostra que o sistema de defesa da planta está funcionando corretamente.

Por outro lado, sinais como amarelamento, enrolamento das folhas e crescimento lento indicam que a planta não está bem adaptada às condições adversas e pode haver perdas de produtividade.

Aminoácidos, algas e nutrientes certos fazem a diferença

Na reta final da entrevista, Marcelo Bissoli compartilhou dicas práticas para quem quer adotar a técnica:

  • Aminoácidos: ajudam a equilibrar o metabolismo da planta.
  • Extratos de algas: regulam hormonalmente e fortalecem as defesas naturais.
  • Fósforo: importante para a formação de energia e raízes fortes.
  • Potássio: auxilia na regulação dos estômatos.
  • Magnésio: mantém a fotossíntese ativa.
  • Zinco e boro: atuam na limpeza dos radicais livres.

“O momento ideal é agora, quando ainda há água no solo. Com base nas previsões climáticas, o produtor pode antecipar esse manejo e garantir uma cana-de-açúcar mais resistente e produtiva”, concluiu o engenheiro.