Recuperação de pastagem pode gerar ganhos ao produtor
Um levantamento feito pelo Projeto Pasto Forte aponta que a pastagem degradada é um problema que atinge 100 milhões de hectares em todo o Brasil.
A pastagem degradada é uma preocupação do produtor rural e toda a cadeia do agronegócio. Um levantamento mostra que pelo menos 100 milhões de hectares precisam de intervenção no Estado de Mato Grosso.
O Projeto Pasto Forte, realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), avalia a produtividade vegetal e animal e a fixação e estoque de carbono no solo em diferentes regiões.
Conhecer o solo ajuda na recuperação
Em entrevista ao Planeta Campo, Thiago Trento, pesquisador de pecuária de corte da Fundação Mato Grosso, e um dos participantes do Projeto Pasto Forte, afirma que o primeiro passo para recuperar a pastagem degradada é fazer a pesquisa do solo.
“Quando estamos doentes, vamos ao médico, ele passa exames e diagnostica o que temos. No campo, isso não é diferente. É preciso conhecer qual é a deficiência do solo para, a partir daí, agir”, compara.
Pastagem degradada prejudica produção
O pesquisador da Fundação Mato Grosso lembra que o tratamento de solo não é rápido, e que o processo de fertilização do terreno é só uma parte do processo de intervenção em uma pastagem degradada.
O combate às ervas daninhas e eventuais pragas também precisam ser levados em conta para que não haja “competição” na absorção de nutrientes.
O Projeto Pasto Forte aponta que, se todos os passos forem seguidos no processo de reconhecimento do solo e adubação da pastagem, há um ganho significativo na produção de arrobas por hectare.
“Claro que não dá para falar em números, mas a melhora do solo faz uma reação em cadeia: o capim melhora, o gado se alimenta melhor e a produção ganha mais números”, explica Trento.
Como perceber uma pastagem degradada?
Thiago Trento aponta alguns fatores que o produtor deve observar para perceber se a pastagem está degradada: redução na produtividade forrageira; duração do pasto e peso dos animais.
Para melhorar a produção da forragem, o pesquisador recomenda que o produtor não ultrapasse a “taxa de lotação“, que é o nível que a planta consegue suportar a presença do gado e demais fatores climáticos e ambientais.
“O ideal é não forçar a planta ao extremo, com o pasto rapado, e nem forçando os animais a rapar o pasto até o chão. A altura é determinante para que o pasto dure por muitos anos, e que a qualidade do alimento para o gado seja constante”, detalha.
Aumento da produtividade e até economia de recursos
Durante a entrevista ao Planeta Campo, Trento comentou uma situação vivida por um produtor do Mato Grosso durante as primeiras fases do Projeto Pasto Forte.
Ele vivia em uma “zona de conforto” no campo, e, após as medidas de revitalização do solo e recuperação da pastagem degradada, deixou de arrendar um terreno anexo à propriedade e, mesmo assim, conseguiu aumentar a produção de gado em uma área menor.
“Acho que esse é o melhor resultado que poderíamos ter. O projeto realmente tira o produtor da zona de conforto, mas é algo que serve para, mais para frente, aumentar a rentabilidade”, finaliza.