Pecuária extensiva no Pantanal pode preservar bioma da região
Na avaliação da Embrapa Pantanal, a aprovação de projeto de lei que permite a pecuária extensiva no Pantanal dá mais opções sustentáveis aos produtores
A aprovação do Projeto de Lei 561/2022 pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que permite a pecuária extensiva no Pantanal, especialmente na área de planície alagável da bacia do alto Paraguai pode ser um aliado à preservação da biodiversidade da região.
Ao Planeta Campo, Catia Urbanetz, pesquisadora da Embrapa Pantanal, diz que é possível preservar o bioma da região mantendo a prática da pecuária de extensão, com algumas alterações.
O que é a pecuária extensiva no Pantanal?
A pecuária extensiva é aquela em que o gado é criado em grandes áreas de pastagens, livres, sem ficar confinados.
Hoje, a prática é responsável por 95% da criação de animais no Brasil.
Como aliar a pecuária extensiva com o bioma do Pantanal?
Catia lembra que o Código Florestal determina que o uso da vegetação nativa do Pantanal é de uso restrito, e que o Projeto de Lei direciona qual é o uso sustentável dessa vegetação para produção pecuária, conciliando retorno econômico com a preocupação ambiental.
“A Embrapa Pantanal fez algumas simulações para analisar possíveis cenários. O principal resultado é que, se a área para a pecuária de extensão corresponder de 30% a 40% do total da propriedade, ainda é possível manter a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos”, comenta.
O que o Projeto de Lei impede
O PL 561/2022 não permite a pecuária intensiva nas áreas do Pantanal, a implementação de projetos agrícolas em larga escala e proíbe que cana-de-açúcar e soja sejam plantadas na região.
“Além disso, nenhuma indústria de produção de etanol ou derivados de cana-de-açúcar, mineração e outras atividades intensivas podem se instalar na área do Pantanal, justamente por causa da degradação ambiental que elas provocam”, acrescenta a pesquisadora.
Vantagens da pecuária extensiva no Pantanal
Na avaliação da Embrapa Pantanal, a presença de campos naturais e pastagens nativas tornou a região propícia para a atividade pecuária de extensão, que já é realizada há mais de 200 anos.
A principal vantagem, segundo Catia, é produzir gado de corte de maneira sustentável, obedecendo os processos ecológicos e mantendo a biodiversidade.
“O produtor, a partir daí, pode acessar linhas de crédito diferenciadas, ou então programas governamentais que fomentam sistemas de formação sustentáveis”, explica.