Desmatamento: Polícia prende “maior devastador” da Amazônia em operação
Bruno Heller foi capturado pela Polícia Federal durante a Operação Retomada, que mira esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na Amazônia
Nesta quinta-feira (3), a Polícia Federal prendeu o empresário Bruno Heller, considerado pelos investigadores como o “maior devastador” da Amazônia já identificado.
A prisão ocorreu durante a Operação Retomada, que tem como foco desmantelar um esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na floresta amazônica.
- Estudo Aponta Que Zerar Desmatamento é Fundamental Para O Desenvolvimento Socioeconômico Da Amazônia
A captura do líder do esquema
Apontado como líder do grupo sob suspeita, Bruno Heller foi preso em flagrante na cidade de Novo Progresso, no Pará. Na ocasião da prisão, o empresário estava em posse de ouro bruto e uma arma ilegal.
Ele será conduzido ao sistema prisional em Itaituba (PA). O histórico do infrator inclui 11 autuações e seis embargos aplicados pelo IBAMA.
Terras da União usurpadas
De acordo com os investigadores, o grupo liderado por Heller “teria se apossado de mais de 21 mil hectares de terras da União.”
A Polícia Federal já identificou o desmatamento de mais de 6.500 hectares de floresta em nome da quadrilha. Tal devastação equivale a quase quatro Ilhas de Fernando de Noronha, conforme relatado pela corporação.
Desmatamento ambiental com rastros de um único autor
Os agentes da Operação Retomada constataram indícios de que um único autor, o empresário Bruno Heller, é o responsável pelo desmatamento, contando com um enorme aporte de recursos para viabilizar suas atividades ilegais.
Os danos se estenderam a áreas próximas a terras indígenas e unidades de conservação, afetando inclusive a Terra Indígena Baú, com aproximadamente 1541 mil hectares.
Ação efetiva da PF
A Operação Retomada mobilizou agentes para vasculhar três endereços em Novo Progresso (PA) e Sinop (MT). Como resultado, foram executadas ordens de sequestro de veículos, 16 fazendas e imóveis, além da indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado.
A Justiça Federal bloqueou R$ 116 milhões dos investigados, quantia estimada dos recursos extraídos pelo grupo e necessária para a recuperação das onde houve desmatamento.
Cadastros fraudulentos e impunidade
As investigações revelaram que o grupo suspeito utilizava cadastros fraudulentos no Cadastro Ambiental Rural, registrando áreas em nome de terceiros, especialmente parentes próximos.
Posteriormente, essas áreas eram desmatadas e destinadas à criação de gado. O esquema buscava proteger os verdadeiros responsáveis pela exploração ilegal, evitando processos criminais ou administrativos que recairiam sobre os membros do grupo sem patrimônio.
Quem é Bruno Heller?
Bruno Heller é um empresário conhecido por suas extensas atividades pecuárias na região de Novo Progresso, o que lhe rendeu o título de “um dos maiores devastadores do bioma amazônico” em comunicado divulgado pela Polícia Federal do Brasil.
De acordo com as investigações, nos anos 2000, Bruno Heller e sua família migraram da região Sul do Brasil para Novo Progresso. Eles supostamente se apossaram de terras pertencentes à União ao longo da rodovia BR-163, que conecta Santarém a Cuiabá. Lotes de terras públicas foram subdivididos e distribuídos entre parentes, incluindo menores de idade.
A maioria desses beneficiários não residia na região nem se envolvia em atividades agrícolas, o que os investigadores veem como uma tentativa de contornar as leis de regularização fundiária. O suspeito e seu grupo supostamente utilizaram meios fraudulentos para registrar essas terras por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Por Estadão Conteúdo com edição de Guilherme Nannini