Diálogo e incentivos são o caminho para a rastreabilidade na pecuária
Caio Penido, presidente do IMAC, disse que a rastreabilidade é uma das formas de mostrar que a carne brasileira contribui com a preservação dos recursos naturais
As preocupações com o meio ambiente e a sustentabilidade estão despertando nos chineses o interesse pela rastreabilidade sócio ambiental da cadeia produtiva da carne.
“É o que eles querem agora, é a rastreabilidade. Essa questão veio junto também com a demanda europeia que é a forma deles garantirem que estão importando uma carne, que não venham com essa pegada de desmatamento ilegal, com essa pegada de grandes emissoras de gases de efeito estufa. É outro desafio importante do Brasil que o produtor tem que se preparar. Não é a gente que está demandando isso, é o mundo que está demandando.” diz Caio Penido presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (IMAC).
Nesse contexto, o passaporte verde que está sendo implantado em Mato Grosso pelo IMAC vem apresentando soluções viáveis e com a participação de todos os elos da cadeia.
“Primeiramente a gente se alinhou dentro do Estado. A gente vai atrás de alinhamento também com a Secretaria do Meio Ambiente, com o Ministério Público Federal, com ONGs, quando elas estão alinhadas também e respeitam a legislação brasileira, principalmente na questão da rastreabilidade. O produtor tem que estar na mesa, é ele que sabe dos verdadeiros problemas, ele sabe das dificuldades. A preocupação com essa dificuldade de regularização ambiental, a preocupação com a segurança da informação, a preocupação com a utilização da GTA na rastreabilidade. Então, são questões relevantes, que não adianta se você não solucionar esses pontos, porque vai travar o setor produtivo quando o tempo passar”, ressalta Penido.
Além da rastreabilidade, a ferramenta também é um protocolo para garantir a qualidade da proteína animal de Mato Grosso e contribuir com a produção de carne de baixo carbono.
“A questão do carbono para nós ainda é uma oportunidade, a redução. Por quê? Porque a gente ainda tem pastagens em altos graus de degradação. A gente pode intensificar, fixar carbono no solo, ainda pode reduzir idade de abate, reduzindo emissões de gases de efeito estufa por arroba produzida. E ao reduzir a idade abate, a garante também uma padronização na qualidade.”
Caio ainda acredita que seguir o caminho da valorização e dos incentivos é o que vai unir o setor e permitir ao Brasil avançar na rastreabilidade da pecuária, diminuindo as discordâncias em torno do tema.
“Isso que polarizou o agro, na minha opinião. Um dos fatores foram essas ações em 2011. A farra do boi na Amazônia, a moratória da carne, o produtor. O pecuarista dormiu sendo herói, sendo pioneiro, desbravando o Brasil e acordou sendo criminalizado de um dia para outro. Quer dizer, não deram esse esse período de adaptação. Uma campanha de comunicação explicando a partir de agora vai mudar, vai ser assim, não de um dia para outro. Essa estratégia de expor na mídia as indústrias, as fazendas, os supermercados e depois obrigá-las a sentar numa mesa de negociação, aceitando goela abaixo soluções vindas de ONGs do hemisfério norte polarizou totalmente esse idealistas e produtores. Não estamos em campos opostos”, finaliza.