São Paulo lança sistema para rastrear bovinos e ampliar competitividade no mercado internacional

Lançamento foi feito nesta terça-feira (19), durante a abertura da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP)

O estado de São Paulo lançou o Sistema de Identificação Individual e Rastreabilidade de Bovinos e Bubalinos (Sirbov-SP). A iniciativa foi apresentada nesta terça-feira (19), durante a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP). O programa tem como objetivo aprimorar o controle sanitário e ampliar a competitividade da pecuária no estado.

O SIRBOV-SP foi lançado com um modelo inicial de adesão voluntária, uma estratégia que permite aos pecuaristas se adaptarem gradualmente à nova tecnologia. Guilherme Piai, secretário de Agricultura de São Paulo, destacou a importância dessa fase inicial para o futuro do setor, durante entrevista ao Planeta Campo Talks, o podcast do Planeta Campo, que irá ao ar nesta quarta-feira (20).

“A gente vai conseguir ter uma rastreabilidade completa com rotas rurais, junto com o CAR. Mas, na Feicorte, a gente lançou uma rastreabilidade voluntária. Começamos com a rastreabilidade voluntária, que eu acho que é um primeiro passo muito importante”, explicou Piai.

O sistema permitirá o monitoramento detalhado de cada animal, desde sua origem até o abate, trazendo ganhos em saúde animal e agregando valor à carne produzida no estado. De acordo com o secretário, o custo de um brinco de rastreabilidade é acessível, girando em torno de 7 reais. O rebanho paulista é de aproximadamente de 11 milhões de cabeças — o segundo maior do Sudeste.

“No final, quando o pecuarista vender a carne e o frigorífico exportar, o valor agregado desse produto será muito maior do que o custo de um brinco. Eu tenho certeza de que a própria iniciativa privada e a cadeia produtiva vão perceber que essa rastreabilidade é muito compensatória”, reforçou Piai.

Qualidade e sustentabilidade da pecuária paulista

São Paulo já é reconhecido pela alta qualidade de sua produção pecuária e pela sustentabilidade de suas práticas. Segundo Piai, o estado não enfrenta problemas de desmatamento, o que confere ao gado paulista um diferencial competitivo.

“O gado de São Paulo é totalmente limpo porque aqui não temos desmatamento. A gente está muito avançado no CAR e traz gado do Brasil inteiro para confinar e terminar aqui. São Paulo é o estado com o maior número de confinamentos e também o estado com o maior número de plantas frigoríficas”, ressaltou o secretário.

Benefícios sanitários e ambientais

O SIRBOV-SP contribuirá para a prevenção de doenças como febre aftosa, tuberculose e brucelose, que representam riscos significativos ao setor. A rastreabilidade permitirá ainda acompanhar o histórico sanitário de cada animal, melhorando o controle sanitário e reduzindo o uso indiscriminado de medicamentos.

Além disso, o sistema ajudará a abrir novos mercados internacionais, especialmente com o adiamento da lei antidesmatamento da União Europeia. A rastreabilidade confere segurança e confiabilidade ao produto final, atendendo às exigências de mercados mais exigentes.

Parcerias e tecnologias acessíveis

O controle será feito pelo GEDAV, o sistema já utilizado pela Defesa Agropecuária, ampliando a eficiência no gerenciamento do rebanho. “A própria iniciativa privada está se organizando. O volume do rebanho de gado é muito alto, e o gado que trazemos de fora aumenta ainda mais esse número. Tudo isso estará disponível para ser comercializado pela iniciativa privada”, comentou Piai.

Servidores também estão sendo capacitados para apoiar os produtores na adoção da nova tecnologia e conscientizá-los sobre os benefícios da rastreabilidade. Esse suporte será essencial para o sucesso da iniciativa e para o fortalecimento da pecuária paulista.