Pecuaristas têm produtividade acima da média com práticas sustentáveis
Grupo de produtores do triângulo mineiro também teve resultados positivos com a recuperação de pastagens, entre outros benefícios
O Projeto Gestão Integrada da Paisagem no Bioma Cerrado (FIP Paisagens Rurais), realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Seviço Florestal Brasileiro (SFB), trouxe resultados positivos para um grupo de produtores da pecuária de corte e de leite do Triângulo Mineiro.
Uma das conquistas do grupo é a recuperação de 100 hectares de pastos, com plantio de pastagens, capineira e lavoura de milho. “Apesar das dificuldades, da oscilação de mercado e de clima, desde uma seca atípica até geada na região, o grupo vem se desenvolvendo e mostrando bons resultados, especialmente na recuperação da área de pastagens. Temos boas perspectivas para o segundo ano”, explicou o técnico de campo do Sistema FAEMG, o engenheiro agrônomo Franklin de Paula Sousa.
Além da recuperação de pastagens, o técnico repassou orientações sobre correção e adubação do solo, manejo integrado de pragas, manejo sanitário no rebanho, atividades gerenciais e de gestão de pessoas, entre outras ações nas propriedades. No período de um ano, o grupo vendeu 3.932,5 arrobas, uma média de 262,2 arrobas por produtor.
Em participação no Planeta Campo, Ricardo Tuller, que é supervisor do Senar MG, explicou que o projeto é baseado na “metodologia de assistência técnica do Senar, que é baseado em cinco pilares: o pilar técnico, onde o técnico faz as recomendações de adubação, de manejo dentro da propriedade; o pilar gerencial onde faz anotação de receitas, despesas para formar o custo de produção; o pilar da sustentabilidade trabalhando a produção sustentável dentro das propriedades; o pilar da formação profissional rural, onde a gente trabalha com mais de 300 cursos de capacitação para melhorar a mão de obra dentro das propriedades; e o pilar da sucessão familiar, onde a gente trabalha a sucessão dentro das propriedades”.
Tuller também explicou que a a adoção de novas tecnologias é um desafio, mas é imprescindível para quem deseja permanecer no mercado. “Os principais desafios são a quebra de paradigmas dentro dessas propriedades, deixar de trabalhar com aquele conhecimento empírico e passar a trabalhar de uma forma mais técnica, utilizando as tecnologias que a gente tem hoje no mercado, porque o produtor que não se adequar a essa produção com técnica, com tecnologia, dentro de um médio prazo de até cinco anos, eu diria, não vão estar mais na atividade, vão ser abandonados pela atividade”.
Confira o programa Planeta Campo com a participação de Ricardo Tuller:
Produção acima da média nacional
Especificamente no município do Prata, em Minas Gerais, o projeto teve resultados ainda mais contundentes. Ao final dos dois anos da assistência técnica e gerencial, a produtividade do grupo está acima da média nacional.
Produção Leiteira
Entre os 17 produtores de leite, a produção média diária foi de 770 litros, o que resultou em uma média de 3.717 litros por hectare/ano. De acordo com o técnico de campo Edwaldo de Sousa Barbosa Neto, o resultado está acima da média no Triângulo Mineiro, de 3.300 l/ha/ano, e também da média nacional, que hoje está em 3.500 l/ha/ano. O grupo possui, em média, 75,6 hectares por produtor.
“Esta produtividade é interessante, principalmente se considerarmos que o grupo ficou com 66% de animais em lactação em relação ao total de vacas, índice abaixo do preconizado, que é de 80%, no mínimo. Os produtores estão melhorando a parte alimentar, preparando uma suplementação volumosa para o período seco, o que deve aumentar este número de animais em lactação”, disse o técnico.
Wilson Pereira da Silva foi um dos produtores de leite assistidos pelo projeto. “Foi muito bom participar, valeu a pena. O técnico Edwaldo tem muita experiência e, com as suas orientações, consegui reduzir os custos de produção e melhorar a produtividade”, afirmou.
Pecuária de corte
Na pecuária de corte, o grupo de sete produtores também alcançou um resultado acima da média nacional. “No segundo ano de trabalho tivemos uma produtividade de 8 arrobas por dia, o que equivale a 6,8 arrobas por hectare/ano. Esse número está acima da média nacional, que fica em torno de 3 a 4 arrobas por hectare/ano”, destacou Edwaldo. A área média do grupo é de 424 hectares por produtor.
De acordo com o técnico, o índice foi alavancado pelo produtor Luiz Eduardo Brant de Carvalho Filho, que consegue utilizar a palhada da soja para alimentação dos animais no período seco, fazendo um manejo diferenciado e obtendo uma taxa de lotação mais alta. “A assistência foi fantástica, ajudou na divisão das pastagens, na coleta de análises de solo, na melhoria da adubação, na avaliação da carga de animais, utilização da suplementação, entre outros aspectos. O técnico também nos orientou muito em relação ao controle dos custos”, disse o produtor Luiz Eduardo.
“Esse grupo do município do Prata mostra a força da pecuária no Triângulo Mineiro, a importância da assistência técnica ao produtor e como as orientações podem contribuir para a propriedade alcançar bons resultados. Na reunião de benchmarking ficou visível a satisfação dos produtores com a participação no projeto”, afirmou o gerente regional do Sistema FAEMG em Uberaba, Caio Oliveira.
*Com informações do Senar