Rio Negro: Saiba qual a relação entre seca e aquecimento global
O Rio Negro, principal rio da bacia amazônica, atingiu nesta semana um novo nível mínimo histórico
O Rio Negro, principal rio da bacia amazônica, atingiu nesta semana um novo nível mínimo histórico, registrando cota de 12,99 metros. Isso representa uma queda de cerca de 1,5 metro em relação ao nível registrado no ano passado.
A estiagem prolongada que atinge o Amazonas deixa diversas comunidades vulneráveis. De acordo com boletim do governo estadual, divulgado no domingo (22), 59 dos 62 municípios amazonenses estão em emergência e 158 mil famílias foram afetadas.
O cenário coincide com o momento em que se intensifica o fenômeno El Niño, caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.
No entanto, para o geógrafo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista para a Agência Brasil, só o El Niño não explica a situação do Rio Negro. Para ele, há indícios de que a estiagem no Amazonas está relacionada com o aquecimento global do planeta.
“O clima, na região do Rio Negro, sofre forte influência das massas de ar que vêm do Oceano Atlântico. Estamos notando um repique muito forte no Oceano Atlântico”, disse Freitas.
O pesquisador explica que o aquecimento global está provocando um aumento da temperatura das águas do Atlântico, o que afeta os padrões de circulação atmosférica e pode levar a uma redução das chuvas na Amazônia.
Além disso, a estiagem pode contribuir para o aumento dos incêndios florestais, que também têm sido registrados com mais frequência na região.
“O período de queimadas tende a se alongar, com bolhas de calor tanto no Pacífico quanto no Atlântico impedindo a entrada de umidade”, afirmou Freitas.
O pesquisador destaca que é preciso reduzir o desmatamento para mitigar os impactos do aquecimento global na Amazônia.
“Se a gente conseguir reduzir bruscamente a nossa taxa de desmatamento e estimular o retorno de vegetação na área que foi desmatada, podemos ter um efeito positivo de adaptação”, disse.
Impactos da estiagem na Amazônia
A estiagem na Amazônia está causando uma série de impactos na região, incluindo:
- Redução do nível dos rios, o que dificulta o transporte e a pesca;
- Aumento da vulnerabilidade a incêndios florestais;
- Perda de biodiversidade;
- Impactos na saúde humana e animal.
Os moradores da região também estão sendo afetados pela estiagem, que tem provocado desabastecimento de água, alimentos e energia elétrica.
Previsão para o futuro
Os modelos climáticos indicam que a tendência é de aumento da frequência e intensidade das estiagens na Amazônia. Com relação ao assunto, o pesquisador comenta.
“Para mitigar esses impactos, é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a recuperação da floresta.”
Com informações de Agência Brasil