Desenvolvimento na Ilha do Marajó tem o açaí como motor de transformação social

Através do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, e da criação de políticas públicas que incentivem a produção sustentável, é possível gerar renda, melhorar a qualidade de vida das populações e construir um futuro mais próspero para a região

A Ilha do Marajó, no Pará, palco de belezas naturais e rica sociobiodiversidade, vem enfrentando diversos desafios socioeconômicos. A realidade de muitos municípios, como Afuá, Anajás e Bagre, é marcada pela extrema pobreza e baixos índices de desenvolvimento humano (IDH).

O açaí, considerado um produto da sociobiodiversidade, se destaca como uma importante fonte de renda para as comunidades locais. Sua produção, aliada à preservação da floresta, configura-se como um caminho promissor para o desenvolvimento sustentável da região.

Apesar do potencial da bioeconomia, especialmente na produção de açaí, a região ainda registra baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), o que evidencia a necessidade de investimentos em infraestrutura, educação, assistência técnica e crédito rural para que as comunidades possam aproveitar todo o potencial do açaí.

“São populações que vivem, principalmente, em áreas rurais, de alta densidade florestal e que, em sua grande maioria, moram em assentamentos da reforma agrária do Incra e do Governo do estado do Pará. Elas vivem do extrativismo e tem o açaí como grande responsável pela economia de toda essa região”, diz Fernando Moretti, líder do núcleo de crédito socioambiental do Instituto Conexsus.

Como mudar esse cenário?

Açaí

Foto: Envato

Para solucionar esses problemas e destravar o potencial da região, técnicas de manejo sustentável do açaizeiro, desenvolvidas pela Embrapa, permitem aumentar a produtividade e reduzir o impacto ambiental. O manejo de mínimo impacto, especialmente em áreas de populações ribeirinhas, pode gerar benefícios significativos para as comunidades extrativistas de maneira a desenvolver essas regiões de maneira simples e sem grande investimento.

Ainda há desafios a serem superados, como a falta de acesso ao crédito rural, que limita a adoção de práticas mais eficientes e a agregação de valor ao produto. Ações que facilitem o acesso ao crédito, como a criação de linhas de financiamento específicas para a agricultura familiar, são essenciais para impulsionar o desenvolvimento da região.

“Menos de 3% do Pronaf, principal linha de financiamento para agricultura familiar no Brasil, hoje chega a essas pessoas. Estamos falando de um público muito grande que não tem acesso ao crédito rural. São vários fatores que impedem esse acesso, como a própria distância dos centros urbanos e das atividades bancárias, além da falta de alguns documentos como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o próprio Cadastro do Agricultor Familiar (CAF).”

Dessa forma, a bioeconomia, com o açaí como carro-chefe, pode ser a chave para a transformação social e econômica da Ilha do Marajó. O acesso ao crédito aliado a adoção de melhores práticas de manejo, e uma educação financeira assertiva tem alto potencial para aumentar o incremento de renda familiar dos povos do marajó em até 40%.

Através do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, e da criação de políticas públicas que incentivem a produção sustentável, é possível gerar renda, melhorar a qualidade de vida das populações e construir um futuro mais próspero para a região.