“Não é necessário reinventar a roda para erradicar a fome no Brasil”, diz diretora do Pacto Contra a Fome
Painel debateu o papel do agronegócio como agente de transformação social e os desafios do desenvolvimento em áreas remotas do país
Qual é o papel do agronegócio no combate à fome? Essa foi a pergunta lançada pela co-fundadora e diretora de políticas públicas e programas do Pacto Contra a Fome, Maria Siqueira, durante a sua contribuição na quarta edição do Fórum Planeta Campo, nesta quarta-feira (30/11).
No painel que debateu o papel do agronegócio como agente de transformação social e os desafios do desenvolvimento em áreas remotas do país, Maria reforçou a importância do setor como personagem principal no combate ao problema. “Não é necessário reinventar a roda para erradicar a fome no Brasil. As soluções estão postas e o desafio é apoiá-las para ganharem mais potência”.
Segundo a diretora, há cerca de oito milhões de pessoas em situação de fome, e em contrapartida, o cenário do desperdício de alimentos chega a mais de 50 milhões de toneladas. “É uma endemia, um problema crônico do Brasil, mas é agravado por questões epidêmicas, como a desigualdade social e custo de alimentos. Menos de 1/4 da população brasileira pode acessar uma alimentação considerada saudável pela FAO”, afirmou.
Para Maria, é necessário que o agro assuma o papel de agente mobilizador, atuando no desenvolvimento sustentável. “É preciso olhar para a cesta básica nacional, voltar a olhar para o arroz, feijão, mandioca, da mesma maneira que olhamos para a soja e para o milho”, destacou.
Engajamento no desenvolvimento social em áreas remotas
Há projetos que já estão transformando comunidades em áreas remotas no Brasil em prol do desenvolvimento social. É o caso do Fundo JBS pela Amazônia, organização sem fins lucrativos criada em 2020 para recuperar áreas degradadas e apoiar modelos inclusivos e rentáveis que geram valor para a floresta em pé. A diretora da iniciativa, Andréa Azevedo, reforçou a importância da assistência técnica a pequenos produtores nessas áreas.
“Cerca de 78% da cadeia na Amazônia Legal é formada por pequenos produtores. Temos que fazer com que eles sejam mais produtores de carne e melhorar a distribuição da produção. E o ponto principal é a assistência técnica, é o que dá acesso à tecnologia, ao crédito e às melhorias na produtividade”, pontuou.
Na mesma tônica, o cooperativismo também é responsável pelo fomento em pequenas propriedades, muitas vezes em áreas afastadas dos grandes centros urbanos. João Prieto, coordenador do ramo agropecuário do Sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), destacou a responsabilidade do cooperativismo no desenvolvimento social do Brasil.
“Quando falamos da geração de empregos do cooperativismo, metade deles é gerada pela agroindustrialização e a inserção do agronegócio local nas suas atividades. 71,2% do quadro social das cooperativas brasileiras é composto por pequenos produtores, e o cooperativismo responde pela origem de 52% da safra de grãos”, afirmou.