Visão 2050 mostra a nova agenda das empresas nas questões ambientais
Planeta Campo Entrevista ouviu Ricardo Mastroti, diretor-executivo do CEBDS sobre o tema
O Brasil tem grandes oportunidades de gerar emprego e renda com a adoção de uma agenda verde, mas não há tempo a perder na transformação para um novo modelo de desenvolvimento, que seja socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável.
Para desenvolver esses modelos e articular as iniciativas, foi fundado em 1997 o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), uma associação civil sem fins lucrativos que reúne mais de 95 grupos empresariais brasileiros promovendo o desenvolvimento sustentável do país por meio da articulação entre governo e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e as práticas mais atuais do tema.
Em conversa com o Planeta Campo Entrevista Ricardo Mastroti, diretor-executivo do CEBDS falou sobre os desafios compreendidos dentro da chamada agenda verde. Com mais de 20 anos de experiência na liderança de áreas corporativas de ESG, Meio Ambiente e Relações Institucionais, o dirigente destacou a necessidade de se criar métricas para a obtenção de resultados nas lutas contra as mudanças climáticas, o que vem sendo feito pela Taskforce on Nature-related Financial Disclosure – TNFD, na sigla em inglês -, que significa na tradução livre “força-tarefa para divulgação financeira relacionada à natureza”.
“Assim como buscamos criar uma métrica para o clima para entender como mensurar isso, o desafio aqui é como a gente entende essa métrica dos impactos, das operações, das atividades na biodiversidade, então o CEBDS foi convidado pra liderar o TNFD que é uma organização global que tem esse desafio”, explicou.
O Fórum Econômico Mundial estima que mais da metade dos negócios globais – algo em torno de 44 trilhões de dólares – esteja diretamente ligado à natureza. “Daí vem a importância da gente ter métricas, saber mensurar e ter um padrão para que, inclusive, as instituições financeiras possam fazer as melhores escolhas, com investimentos em lugares que dêem o melhor retorno”, declarou Mastroti. “Então é uma satisfação pro CEBDS estar liderando esse trabalho e a gente sabe que tem desafios pela frente mas estamos animados por esse reconhecimento da TNFD”, complementou.
Papel do Brasil
No assunto agenda verde, o diretor acredita que o Brasil possa ter papel de protagonismo no mundo. “Temos aqui não só o território, biodiversidade e a água, mas temos também um histórico já de liderança nessa área, então acho que está aí um espaço para se trilhar e é uma oportunidade de ouro que o Brasil tem que abraçar”, apontou.
Entre os desafios dentro da agenda verde, Mastroti citou três principais: mudanças climáticas, perda da biodiversidade e crescente desigualdade social. Apesar da economia crescer nas últimas décadas, a desigualdade social também continua crescendo”.
Para debater temas relacionados, a CEBDS promove o Fórum Permanente do Desenvolvimento Estratégico do Estado que define ações estratégicas a partir do chamado relatório Visão 2050. O documento, elaborado pelo CEBS, foi construído com mais de 4 mil contribuições da sociedade civil. “Quando a gente pensa em resultados e entregas um dos focos que a gente precisa ter é o combate ao desmatamento ilegal, essa prática é um desperdício de oportunidades, de recurso e tem a questão ética, de você estar deixando um passivo para gerações que não participaram das decisões. Então isso é realmente algo urgente e é muito importante, o combate efetivo ao desmatamento ilegal”, explanou. O fórum é um dos eventos mais importantes do setor empresarial.