Sisteminha transforma vida de pequenos agricultores do semiárido
O sisteminha proporciona melhorias na alimentação e na renda familiar, criando uma disponibilidade de alimentos e reduzindo o esforço necessário para obtê-lo
Há menos de um ano, o cenário na comunidade de Sítio Angical, situada a 35 km de Petrolina (PE), era bem diferente. Com sérios problemas por conta da seca, a comunidade sofria de insegurança alimentar. Contudo, a visão empreendedora de Alexandro, um morador local, mudou drasticamente a situação de toda a região.
Ele decidiu investir no chamado “sisteminha”, um modelo agrícola sustentável integrado para a produção de alimentos. Essa escolha exigiu muita força de vontade, aprendizado contínuo e determinação, e os resultados estão começando a se manifestar.
O desafio inicial
No início, Alexandro enfrentou desafios significativos, pois não tinha conhecimento prévio sobre o sistema. No entanto, ele estava disposto a aprender e recorreu a recursos disponíveis, como vídeos educativos no YouTube e cursos online. Nos últimos 12 meses, Alexandro investiu seu tempo e dinheiro no desenvolvimento desse projeto.
Alexandro dedicou-se ainda a aprender como lidar com os peixes, uma parte fundamental do sisteminha, e também a buscar profissionalização na área.
Embora ainda não tenha obtido um retorno financeiro substancial, ele acredita firmemente que seu aprendizado e esforço serão recompensados no futuro. Atualmente, ele já vende produtos resultantes do sisteminha, mas reconhece que a lucratividade ainda não é tão alta quanto deseja.
Sisteminha: transformando vidas
O “sisteminha” é um sistema de produção integrado de alimentos que está mudando a vida de pequenos agricultores. Esse sistema proporciona melhorias na alimentação e na renda familiar, criando uma disponibilidade de alimentos e reduzindo o esforço necessário para obtê-los.
Em apenas sete meses, as famílias já começam a ter autonomia na produção de alimentos, atendendo às necessidades básicas de nutrição, como carboidratos, vitaminas, minerais e proteínas, em conformidade com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para implementar o sisteminha, é necessário ter um lote de cerca de 100 metros quadrados na periferia das cidades ou em áreas rurais. Esse sistema integra a produção animal e vegetal, com vários módulos ou miniaturas de sistemas de produção que trabalham juntos de forma harmoniosa. O coração do sistema é o tanque de piscicultura, que utiliza recirculação de água. No projeto piloto, a capacidade de produção é de 25 kg de tilápia em três ciclos anuais.
Impacto econômico
O sisteminha pode render cerca de R$ 30 mil brutos por hectare, dependendo do número de módulos de produção. Isso representa uma oportunidade de renda significativa para os produtores rurais, contribuindo para o aumento da qualidade de vida e do bem-estar de suas famílias.
Além disso, o sucesso do sisteminha não se limita ao Brasil. Esse sistema foi desenvolvido pela Embrapa Meio Norte e está sendo implementado com êxito em países africanos como Uganda, Etiópia, Camarões, Tanzânia, Angola e Moçambique. A tecnologia está se revelando uma ferramenta valiosa na luta contra a miséria e a fome, proporcionando às famílias uma maneira sustentável de produzir alimentos e melhorar seu padrão de vida.
Um futuro de oportunidades
Alexandro e sua família transformaram sua realidade ao adotar o sisteminha em sua comunidade. Ele está certo de que recomendaria essa abordagem a outros produtores, especialmente àqueles que têm a mente aberta e estão dispostos a cuidar adequadamente do sistema. Alexandro acredita que, com organização e dedicação, é possível garantir uma renda estável e abundância de alimentos para a mesa.
Este é um exemplo inspirador de como a visão empreendedora, a resiliência e o compromisso com a agricultura sustentável podem mudar vidas e comunidades inteiras. Alexandro e sua comunidade estão trilhando um caminho de transformação, contribuindo para um futuro mais promissor.