Brasil terá implementação de mil sisteminhas em todo o território nacional
A parceria entre Embrapa e o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) representa um marco para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar de comunidades tradicionais no Brasil
O Brasil terá mil sisteminhas a mais em todo o seu território nacional graças a uma parceria entre a Embrapa e o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA).
A iniciativa representa um marco para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar de comunidades tradicionais no Brasil.
Segundo o TED serão implantados mil unidades do Sisteminha Comunidades em um processo participativo nas diversas regiões do Brasil, baseadas em tecnologias inovadoras e sustentáveis, combinando o uso de insumos aprimorados, como sementes de qualidade, linhagens adequadas (industriais, rústicas ou tradicionais) de aves de postura e corte, alevinos e ração de qualidade, com princípios ecossistêmicos.
Será dada ênfase na produção de peixes, ovos e vegetais como a macaxeira, milho, abóbora, batata doce, inhame, feijão, melancia e olerícolas, entre outros, visando promover a segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiadas. Essa abordagem visa promover a estabilidade e sustentabilidade da atividade produtiva, garantindo resultados duradouros.
Para Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais, a inclusão socioprodutiva é uma prioridade da Embrapa para reduzir a pobreza e garantir a segurança e a soberania alimentar.
“O Sisteminha Comunidades produz alimentos de forma muito rápida e ainda oferece autonomia às pessoas e fonte de aprendizado e conexão comunitária, o que mostra o papel da tecnologia na inovação tecnológica e social para o desenvolvimento local. Esse processo somente ocorre com a participação ativa da comunidade e da rede de parceiros e apoio das políticas públicas, compondo todas as hélices da inovação, uma aliança entre a sociedade organizada, instituições de ciência de tecnologia e o setor público”.
O pesquisador Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais, criador da tecnologia social, diz que o Sisteminha evoluiu. Saiu do foco do tratamento individual em cada família para um tratamento coletivo, de visão mais holística em relação à comunidade. Dessa forma, vem orientando oportunidades de negócios e formas de lidar com a aquisição de insumos, orientações técnicas, formação de novas lideranças, abrindo oportunidades de conhecimento e relação com comunidades vizinhas, o que permite agregação de valor e interação com o mercado.
“Há uma atuação coletiva de trabalho e atividades que vão permitir que as famílias sejam beneficiárias do processo. Esse é o principal avanço, a visão coletiva e a rede de parceiros e instituições, um a união de esforços entre técnicos e produtores, formando um batalhão coletivo de multiplicadores populares que podem evoluir, inclusive, para microempresas, minimizando os problemas de falta de empregos e oportunidades e potencializando a capacidade de produção de bens pelas famílias em vulnerabilidade, seu empoderamento e bem-estar”.
Tecnologia social traz segurança alimentar ao Brasil
O Sisteminha Comunidades constitui uma inovação significativa na produção de alimentos, direcionada especificamente para comunidades indígenas, quilombolas, e outros grupos tradicionais no território nacional. Segundo Luiz Carlos Guilherme, ultrapassa a mera produção agrícola, incorporando uma abordagem holística e ecossistêmica que se alinha às vidas e às culturas das comunidades locais, visando combater a fome, promover o bem-estar, a resiliência, e a sustentabilidade.
Isso por que, diferentemente de modelos agrícolas convencionais, o Sisteminha Comunidades adota uma metodologia integrada que envolve a disposição sinérgica de 15 módulos de produção miniaturizados – incluindo peixes, aves, suínos, minhocas, abelhas, biodigestores, entre outros.
Essa estratégia não somente produz alimentos de forma sustentável, mas também contribui para a melhoria do solo, qualidade da água, e biodiversidade. Além disso, o projeto facilita o acesso a insumos de alta qualidade e produtividade, combinando práticas tradicionais com tecnologia avançada para assegurar segurança alimentar e nutricional.
A tecnologia tem abordagem integrada, destacando-se por sua diversidade e flexibilidade, alinhando-se diretamente com várias ODS das Nações Unidas, como a erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades, e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG.
Em matéria, o Planeta Campo ensina como fazer um sisteminha em menos de 100 metros quadrados. Confira: