Biocombustíveis

Conheça o cereal que virou aposta para a produção de biocombustíveis

Bahia tem estimativa de 728 mil toneladas de sorgo para 2024/2025, alta de 40% em relação à safra anterior

Sorgo cresce na Bahia e ganha destaque como matéria-prima para biocombustíveis – Foto: Reprodução
Sorgo cresce na Bahia e ganha destaque como matéria-prima para biocombustíveis – Foto: Reprodução

A produção de sorgo tem crescido na Bahia, segundo dados recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra 2024/2025, a estimativa é de 728 mil toneladas, cerca de 40% a mais que na temporada anterior. A área plantada também teve aumento, chegando a 206 mil hectares, o que representa 5% de crescimento.

Historicamente, o sorgo era usado principalmente para alimentação animal e para cobertura do solo durante a entressafra da soja. Hoje, a cultura passa a ser vista também como uma matéria-prima para biocombustíveis, o que tem despertado o interesse de produtores na região oeste do estado.

O gerente de fazenda Carlos Roberto Oizimas avalia que o sorgo tem trazido ganhos importantes na segunda safra, especialmente em áreas colhidas mais cedo. “O sorgo já está ajudando a pagar o custo da soja, principalmente nas áreas onde colhemos a soja precoce e conseguimos entrar com ele na sequência”, ressalta.

O cultivo tem evoluído, com o aproveitamento das mesmas tecnologias aplicadas na soja.”A expectativa é que o sorgo deixe de ser apenas uma safrinha, digamos, e passe a ter uma importância maior, uma procura maior”, complementa o produtor Greico Henrique.

Mercado aquecido

Novos híbridos, com tolerância a herbicidas e maior produtividade, estão sendo adotados. Em áreas de sequeiro, o produtor rural Pedro Cappellesso estima produtividade próxima a 70 sacas por hectare, enquanto, nas lavouras irrigadas, a produção pode chegar a até 160 sacas por hectare.

A instalação de uma biorefinaria na região do oeste baiano também contribui para o interesse pela cultura. A planta deve processar até um milhão de toneladas de grãos, entre milho e sorgo, com produção estimada em 450 a 460 milhões de litros de etanol por ano. A expectativa é que isso traga mais estabilidade para os produtores.

“A gente vê um potencial muito grande de aumento de área, tanto no milho quanto no sorgo. Esse é um dos fatores que nos levam a olhar para Luís Eduardo Magalhães com muito bons olhos”, afirma Irineo Piaia Junior, gerente regional da Inpasa Brasil.

Diversidade do sorgo

Além da nova demanda para biocombustíveis, o sorgo continua sendo usado como base para formulação de rações animais. A cultura é reconhecida pela adaptação a diferentes condições de clima e solo, o que pode contribuir para a diversificação da produção.

O sorgo também apresenta vantagens ambientais, como menor consumo de água e sistema radicular profundo, que ajuda na estruturação do solo e na ciclagem de nutrientes. Além disso, os investimentos da indústria trazem mais segurança aos agricultores.

“Produtores que não plantavam sorgo estão considerando a possibilidade por conta da segurança na comercialização”, finaliza o engenheiro agrônomo Diego Batista Aires.

Marcius Ariel
Repórter do Planeta Campo, do Canal Rural. Produz conteúdo multiplataforma sobre sustentabilidade, com trabalhos realizados nos seis biomas do Brasil.
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