Desmatamento pode deixar região do Matopiba improdutiva
Área é responsável por quase 12% da produção nacional de soja
As mudanças climáticas que estão acontecendo têm grandes chances de, em alguns anos, deixar a região do Matopiba improdutiva. Essa é a conclusão de um estudo conduzido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O Matopiba compreende porções dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e é responsável por quase 12% da produção nacional de soja, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A área abrange os biomas Cerrado, Amazônia e Caatinga.
A pesquisa do Cemaden foi realizada com base nas últimas quatro décadas e identificou muitas mudanças no clima. “Nós observamos, analisando dados climatológicos, dados de satélite, uma situação que mostra, nos últimos 40 anos, uma redução gradativa da precipitação, uma redução da evaporação, um aumento da temperatura do ar, uma redução da umidade atmosférica e, o mais importante, que a estação seca está ficando mais longa”, afirmou o coordenador geral de pesquisas do Cemaden, José Marengo, em entrevista ao Planeta Campo.
O estudo apontou que os problemas na região estão relacionados a mudanças no padrão de vegetação. “Toda essa mudança de uma vegetação natural, tipo Cerrado ou Floresta Amazônica, para outro tipo de vegetação, que nesse caso é o agronegócio, nos leva a pensar um pouco, nos mostra que esse tipo de extremo climático observado pode continuar numa crescente e isso pode realmente comprometer a produção de soja, o agronegócio”, avalia o coordenador.
O coordenador de pesquisas do Cemaden ainda destacou o que deveria ser feito para reverter o cenário da região. “A Amazônia é fonte de umidade para essas regiões. Então, obviamente, a proteção da Amazônia, políticas ambientais baseadas na ciência, tudo isso já deveria ter sido implementado faz tempo porque isso não se resolve colocando 10 milhões de árvores de eucalipto, não se resolve. Você tem que proteger a Amazônia como está porque a Amazônia é diferente de eucalipto… Então nós temos que proteger a fonte de umidade que é a Amazônia e também nos prepararmos para uma situação em que a agricultura deveria se adaptar para um clima mais seco e mais quente”, concluiu José Marengo.
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