Mudas pré-brotadas diminuem em 10 vezes custos de produção em canaviais

O plantio das mudas pré-brotadas usa dez vezes menos matéria-prima por hectare em comparação com o método tradicional.

Leaves of sugarcane with texture at the sunlight.
Leaves of sugarcane with texture at the sunlight.

Você já ouviu falar de MPB? Não, não quer dizer Música Popular Brasileira! Mas sim  Mudas Pré-Brotadas (MPB). Esse sistema faz uso de uma tecnologia de multiplicação que poderá contribuir para a produção rápida de mudas, associando elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. Outro grande benefício está na redução da quantidade de mudas que vão a campo. 

A nova tecnologia desenvolvida pelo Programa Cana do IAC, Instituto Agronômico de Campinas, direcionada a aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivelmente renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar.

Segundo o pesquisador do IAC Mauro Alexandre Xavier, o período médio necessário para o desenvolvimento de novas cultivares de cana varia de 12 a 15 anos. “Essa tecnologia passou a ser utilizada pelo setor e paralelamente veio sofrendo modificações e atualizações no sentido de trazer conceitos da sustentabilidade para dentro do processo, tanto da produção quanto da utilização. Nosso objetivo é que esses materiais e as tecnologias que os acompanham sejam adotados pelos produtores”, afirma Xavier.

O plantio das mudas pré-brotadas usa dez vezes menos matéria-prima por hectare em comparação com o método tradicional. Assim, o produtor pode vender a massa que seria usada no plantio para as usinas fazerem açúcar e etanol. 

A expansão do Sistema desenvolvido pelo IAC também abriu novas oportunidades nas áreas de insumos e maquinários, já que a indústria precisou atender a esse novo método de plantar cana. Desde 1500, a cana era plantada no Brasil com o uso de toletes – nesse sistema tradicional eram utilizados de 18 a 20 toneladas de toletes para a instalação de um hectare. Com a tecnologia do sistema MPB, esse volume caiu para 2 toneladas por hectare. A redução incorpora sustentabilidade e produtividade ao setor sucroenergético.

Plantação de cana

Sustentabilidade ambiental

A sustentabilidade ambiental do Sistema MPB está em processo de certificação socioambiental a fim de adequar processos, cadeias de valor e produtos às normas reconhecidas internacionalmente. De acordo com Xavier, a certificação insere o Sistema MPB em um novo nível de qualificação, extensiva às atividades dos viveiristas que adotam a produção integrada do método desenvolvido pelo IAC. “Os trâmites devem ser finalizados em dezembro de 2021. A certificação permitirá a rastreabilidades de informações sobre origem, produção e características”, diz Xavier.

Segundo o pesquisador do IAC, a adoção do Sistema MPB viabilizou o surgimento de viveiristas de cana, algo antes impensado no Brasil. renato Trevizoli é um desses casos

Experiência

O canavicultor e viveirista, Renato Trevizoli, já produzia cana de açúcar, mas viu na técnica de MPB um nova oportunidade de negócio para atender outros produtores da região e das usinas. Desde 2015, o negócio não para de crescer. 

Desde que começou a trabalhar com o método, o Renato e a família entenderam como a produção sustentável incrementa o bolso. “O MPB hoje é uma importante fonte de renda dentro da nossa propriedade. Para produzimos com o método, gastamos  em torno de uma, duas toneladas de cana. Anteriormente, eram mais ou menos 10 toneladas. Além disso,  nós temos uma maior quantidade de matéria-prima para mandarmos para a unidade industrial”, ressaltou. 

O método conquistou o coração do produtor. Inclusive, hoje ele também dá aulas no senar para ensinar a técnica. “A vantagem do uso MPB é a oportunidade de ter o material sadio,  com sanidade garantida, sem doenças ou pragas. Além disso, temos a possibilidade de ter materiais novos, que foram lançados recentemente”,

Certificação

Para a produtora rural, Marisa Trevizoli, o pioneirismo no setor já trouxe marcos importantes, como um certificado internacional em sustentabilidade. “É uma certificação internacional que analisa na propriedade, como o consumo de água,  energia e a utilização de agroquímicos na propriedade”, finalizou.

Assista o programa na íntegra: