Fórum Planeta Campo painel 3: O futuro do Agro é o baixo carbono

A agropecuária brasileira tem uma trajetória marcada pela ciência e conta também com programas como o ABC+

Fórum Planeta Campo painel 3: O futuro do Agro é o baixo carbono

O terceiro painel do Fórum Planeta Campo mostrou o protagonismo da agricultura,  aliada às iniciativas que já fazem do Brasil um campeão da sustentabilidade; contribuindo  para que o país  cumpra os compromissos ambientais assumidos na COP 26. O painel deu foco às iniciativas em soja, algodão e café, além das tecnologias do Plano ABC+.

Algodão

De acordo com a Embrapa,  além de ser possível e viável o cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto, houve um incremento de 55% do teor de carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% na camada até 40 cm de profundidade. Com isso, em áreas cultivadas com o algodoeiro, menos carbono é emitido para a atmosfera.

Descendente de italianos, o agrônomo e rs discussões e disse que, quando os números do agronegócio brasileiros são expostos, fica difícil sustentar a narrativa de desmatamento. “Nós podemos produzir e preservar. E é isso o que os agricultores estão fazendo”. 

Forum Planeta Campo 262 | Planeta Campo

Busato comentou ainda que os agricultores usam apenas 8% do território para produzir o necessário em grãos e fibras. “Preservamos uma área maior do que a Europa, mas ninguém quer ouvir, embora esses sejam os números, seja a verdade”, afirmou. 

“Em nosso sistema, 60% do algodão é feito no sistema de segunda safra. Nós produzimos o dobro de pluma por hectare do que nossos amigos norte-americanos. Talvez o Brasil tenha que valorizar mais seus agricultores”, refletiu.

Segundo o representante da Abrapa, manejos, como o Sistema Plantio Direto, são capazes de fixar quantidades significativas de CO2 no agroecossistema, contribuindo  para diminuir a emissão desse gás para a atmosfera e, desta forma, mitigar o efeito estufa e o aquecimento global. 

Mercado de carbono

Outro participante do debate foi Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT. o representante da entidade apresentou o ‘soja legal’, um programa com mais de 10 anos de existência. “São mais de 3 milhões de hectares, 1.600 propriedades rurais, 2.505 produtores que seguem o tripé ambiental, social e econômico. a gente já faz tudo isso, mas falta mostrar”, ressaltou

o presidente da Aprosoja-MT falou também de pesquisas e estudos para deixar mitigar emissões de gases de efeito estufa. “recentemente nós contratamos um estudo da esalq/usp para quantificar o nosso sequestro de carbono no sistema de plantio direto e também nas reservas. todos os produtores do projeto estão aptos a comercializar. ou existe dinheiro no mundo para pagar o sequestro que a gente faz na agricultura ou a gente acaba com a narrativa que existe mundo afora”, observou.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

A diretora de de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura (Mapa), Mariane Crespolini, participou de forma virtual do debate contextualizando a situação do setor. A representante do Mapa disse que  a agropecuária brasileira tem uma trajetória marcada pela ciência. “Até pouco tempo, o Brasil importava feijão. No período mais recente, o país assumiu o compromisso de investir na agricultura de baixo carbono, com o plano ABC, colocando como meta 35 milhões de hectares de meta. Nós atingimos 52 milhões de hectares, segundo dados da Embrapa”.

Além disso, a diretora detalhou o plano ABC+ e disse que o projeto é conhecido em todo o mundo. “Revisamos o ABC, e novas tecnologias foram incluídas. Queremos atingir mais 72 milhões de hectares”, revelou.

Plano ABC+

O Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+, tem a meta de reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário até 2030. O valor é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa.

A meta é expandir a área com tecnologias ABC para 72 milhões de hectares até 2030. Um incremento de 103% em relação à década anterior. Estabelecemos assim as bases para que, a longo prazo, a totalidade da área de produção agropecuária brasileira adote sistemas de produção sustentáveis e resilientes.

Detalhes da Nova Versão

O plano ABC+ é a segunda etapa do Plano ABC que foi realizado entre 2010 e 2020 e superou as expectativas mitigando cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, superada em 46,5% em relação à meta estabelecida.

Esta nova versão, incrementou as metas a serem atingidas para a mitigação de gases de feito estufa. Além de estimular a regularização ambiental e o cumprimento do Código Florestal, o plano promove o ordenamento territorial e a preservação da biodiversidade na propriedade, na região e nas bacias hidrográficas. 

Foram incluídas novas tecnologias como bioinsumos, sistemas irrigados e a terminação intensiva de bovinos que vão oferecer mais opções para o produtor aumentar sua resiliência, eficiência produtiva e ganhos econômicos, ambientais e sociais.

A tecnologia de terminação intensiva, por exemplo, busca atingir 5 milhões de bovinos, a partir de técnica de confinamento ou semiconfinamento, característica da agropecuária tropical. Outra tecnologia proposta pelo ABC+ é a plantação de florestas numa expansão de 4 milhões de hectares para a recuperação de áreas ambientais e produção comercial de madeira, fibras, alimentos, bioenergia e produtos florestais não madeireiros tais como látex e resinas.

Pequeno produtor e ESG

O diretor de RH e sustentabilidade da SLC Agrícola, Álvaro Luiz Dilli discursou sobre outro assunto em pauta neste painel: ESG.

O termo  é a sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português), geralmente usada para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. Também pode ser usado para investimentos com critérios de sustentabilidade. Em vez de analisar apenas índices financeiros, por exemplo, investidores também observam fatores ambientais, sociais e de governança de uma companhia.

Para Dilli, o pequeno produtor ainda está distante tecnologicamente dos grandes produtores quando o assunto é ESG. “No caso da SLC que desde 2016, por exemplo, que mede a pegada de carbono. Como nós vamos comunicar isso, ensinar isso para o pequeno produtor. É um desafio. É um processo que tem que começar via assistência”.

Assista o painel 3