Piscicultura cresce no Brasil e gera novos postos de emprego

A atividade reúne 1 milhão de criadores que em 2021 produziram 841 mil toneladas de peixes

Desde 2014, a piscicultura brasileira cresceu cerca de 5,6% ao ano. A atividade reúne 1 milhão de criadores que em 2021 produziram 841 mil toneladas de peixes de cultivo. Nesse universo, a Tilápia correspondeu a 63,5% da produção nacional. A realidade trouxe impacto social na geração de cerca de 1 milhão de empregos diretos e 2 milhões indiretos no país.

Além dos empregos locais, a piscicultura movimentA uma cadeia produtiva que abre precedentes para a comercialização de produtos que colocam em prática os quesitos ambientais, sociais e de governança, o conhecido ESG.

Entre os estados brasileiros que lideram o ranking da produção nacional estão o Paraná, que produz 182 mil toneladas, São Paulo que atingiu 76 mil toneladas e Minas Gerais, atualmente produzindo 47 mil toneladas.

Mercado

O mercado brasileiro de peixe tem se transformado nos últimos tempos, especialmente no cultivo da Tilápia. A atividade vive um momento positivo, com investimentos em genética,  nutrição, sustentabilidade e economia circular.

A cidade de Rifaina, localizada no interior de São Paulo, tem como uma das principais bases econômicas  a criação do pescado.

O peixe é nativo da África, Israel e Jordânia e foi introduzido no país em meados da década de 50, pela estação de Maranguape, no Ceará. O motivo da chegada era controlar o excesso de vegetação aquática existentes nos açudes da região. Como a adaptação foi boa, a tilápia passou a fazer parte da realidade brasileira.

Juliano Kubitza, gerente da Fider Pescados, que atua em Rifaina, explica que o Brasil é o quarto maior produtor de Tilápia do mundo. “Quando a gente compara com os outros players, estamos avançados em tecnologias como piscicultura em tanques-rede. Temos hoje uma sofisticação que vem ganhando espaço, mesmo o Brasil tendo alguns entraves que limitam, como a tributação da ração, por exemplo”, explica.

O gerente acredita que gradualmente o país deve alcançar novos espaços. “Em questão de tempo, com pequenos ajustes, o Brasil deve ser uma potência em exportação de Tilápias, assim como é em frangos e suínos”.

A produção

Whatsapp Image 2023 01 17 At 07.56.32 1 | Planeta Campo

A produção do peixe começa com os ovos de Tilápia, que são retirados diretamente da boca das matrizes fêmeas, quando se encontram no período de ovulação e, depois, são colocados para incubar artificialmente.

Após o processo de incubação, as larvas não terão ainda sexo definido. Só após algum tempo, quando elas se transformarem em alevinos, é que ocorre a definição do sexo. Os piscicultores podem influenciar esse desenvolvimento por meio da ração.

Essa estratégia é usada no mundo todo para garantir o rendimento da criação, já que os machos engordam mais e mais rápido que as fêmeas. Na fase de alevinagem são selecionadas matrizes de alto potencial genético e reprodutivo.

Na represa em Rifaina, as Tilápias, depois de atingir o peso ideal, aproximadamente 700 gramas, são retiradas dos tanques por tubos de sucção.

Em seguida,  são transportadas até a fábrica, onde acontece o abate.  Do tanque ao produto final, o processo não chega a durar duas horas. O frigorífico tem capacidade para processar aproximadamente 3 mil toneladas mensais.

Mabilis Yumi Kanazawa, médica veterinária responsável pela produção conta que o cuidado é diário, observando todos os padrões de qualidade. “Os maiores desafios na produção de Tilápia são a questão sanitária, ter boa rastreabilidade, qualidade da água e nutrição de excelente qualidade”, explica.

Ambiental

Na produção, a tecnologia desponta como um fator que auxilia ainda a produtividade e impulsiona a sustentabilidade, pois preserva o meio ambiente, especialmente a água.

O cuidado ambiental segue à risca o código florestal.  A área de preservação permanente (APP) às margens da represa de Jaguará, onde são feitos os cultivos, tem cerca de 22.600 m² e virou ponto de atração e refúgio de animais silvestres. A área original foi ampliada em 6 mil m² com o plantio de 15 mil árvores nativas.

O monitoramento da água é realizado por empresas certificadoras terceirizadas, com acompanhamento direto da CETESB. Assim, os órgãos comprovam que a água sai da represa de Jaguará melhor do que entra.

Juliano Kubitza conta que é feito o manejo sustentável de tudo aquilo que é possível. “Entendemos a necessidade em ser eficiente nesse quesito. Algo novo em sustentabilidade é a fabricação de farinha e óleo a partir dos resíduos.

A carcaça já foi um problema, virou um produto e agora é matéria-prima. Além disso, tratamos o efluente da fábrica, devolvemos a água tratada e usamos o lodo, a matéria mais sólida, para extração de óleo que pode ser usado, por exemplo, para gerar o biodiesel”, explica o gerente da produção.

Ele conta entusiasmado o que o motiva na piscicultura: “acredito que é uma forma importante de gerar alimentos saudáveis e seguros para as pessoas”.