Projeto destrava crédito público para agricultores familiares da Amazônia
O Destravando o Crédito Rural para Bioeconomia da Floresta faz parte dos primeiros projetos da carteira do Fundo JBS pela Amazônia
Projeto gerido pelo Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), com apoio Fundo JBS pela Amazônia, viabilizou a liberação de crédito público para cerca de 500 agricultores familiares que atuam na bioeconomia do bioma amazônico de junho de 2021 a março de 2023.
Ao todo, os contratos firmados com o Banco da Amazônia (Basa) por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) somam cerca de R$ 3 milhões para fomentar o trabalho de associações e cooperativas da Amazônia.
“É importante levar crédito a famílias de ribeirinhos e agroextrativistas e povos tradicionais, fundamentais para a conservação da floresta. Muitas vezes, estas comunidades estão em situação de vulnerabilidade e precisam de um apoio.
O incentivo, aliado à educação financeira, ajuda as famílias a aumentar a área manejada, a comprar equipamentos e melhorar a produção de modo sustentável, o que impacta no incremento de renda familiar de até 40%”, afirma Fernando Moretti, coordenador da Rede de Ativadores de Crédito Socioambiental do Instituto Conexsus.
Crédito da floresta
Batizado de Destravando Crédito para a Bioeconomia da Floresta, o projeto tem como um dos principais desafios superar a dificuldade de acesso a crédito dos agricultores familiares na Amazônia. Para se ter uma dimensão, menos de 3% dos recursos do Pronaf, principal linha de financiamento para agricultura familiar no Brasil, têm sido utilizados para promover cadeias de valor ligadas à bioeconomia da floresta.
Os 500 contratos de crédito rural do Pronaf Grupo “B” foram firmados entre o Basa e pequenos produtores que vivem, principalmente, na região da Transamazônica e na Ilha do Marajó (Pará). Com taxa de juros de 0,5% ao ano e prazo para pagamento de até dois anos, a operação oferece ainda a possibilidade de bônus de adimplência como reconhecimento ao trabalho das famílias que mantiverem os pagamentos em dia.
Os acordos têm a participação fundamental de ativadores treinados. Eles localizam pequenos produtores associados a negócios comunitários, identificam suas necessidades de crédito rural e estruturam projetos de crédito para acesso ao Pronaf.
Desta forma, viabilizam o financiamento de uma linha a juros baixos, que pode custear atividades das cadeias da castanha, açaí, pescado, madeira, óleos e resinas, dentre outros, refletem em melhoria do manejo de baixo impacto dos açaizais da região, ajuda a diversificar a produção e a melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares.
De acordo com Moretti, o projeto combina o desenvolvimento de capacidades locais com financiamento para sustentar a adoção de práticas de produção de baixa emissão de carbono em cadeias de valor sustentáveis. A projeção do Instituto Conexsus é atingir R$ 20 milhões de crédito com a reativação do aplicativo do Basa para acesso de cooperativas, associações e agricultores e agricultoras individuais de diversas regiões da Amazônia.
“Também vamos aumentar o número de ativadores em campo para atingir este resultado, elevando o potencial de alavancar negócios. Também temos um foco especial em lideranças femininas, que já elas detêm grande parte da dinâmica dos negócios das famílias”, complementa Moretti.
De acordo com Andrea Azevedo, especialista em Monitoramento de Projetos do Fundo JBS pela Amazônia, os ativadores em campo contribuem com avanços no modelo ao destravar crédito para cadeias da bioeconomia apoiadas pela organização.
“A rede de ativadores consegue impactar famílias remotas na Amazônia que, muitas vezes, nunca conseguiram crédito público. Eles dão apoio nos contratos de crédito, na melhora da produtividade, atuando muitas vezes como extensionistas”, destaca.
O Destravando o Crédito Rural para Bioeconomia da Floresta faz parte dos primeiros projetos da carteira do Fundo JBS pela Amazônia. A meta é chegar a 2.500 contratos de crédito. Além disso, está sendo desenvolvida uma assessoria periódica em gestão e orientação produtiva para 15 cooperativas na Amazônia, fomentando as cadeias de bioeconomia.