Sensores inteligentes trazem economia de água e preservam o meio ambiente
O projeto possui capacidade para atender até 20 produtores rurais com a tecnologia que proporciona a inovação de comunicar ao produtor, em tempo real, sobre o nível de água do solo em diferentes camadas
A Lavazza, empresa italiana fabricante de produtos de café e integrante da plataforma colaborativa do Consórcio Cerrado das Águas (CCA), apresentou, em 2019, sua parceria com xFarm Technologies, plataforma multinacional criada para agricultores valerem-se de recursos da agricultura digital para gestão eficiente do seu negócio; ao CCA com vistas a implantar um projeto-piloto para uso racional da água em áreas irrigadas.
A aplicação do teste foi feita na Fazenda Cinco Estrelas, do produtor rural, Ricardo dos Santos Bartholo, integrante das estratégias de Agricultura Climaticamente Inteligente do Consórcio Cerrado das Águas. A propriedade fica localizada na bacia do córrego Feio, principal fonte hídrica de Patrocínio-MG, maior município produtor de café do Brasil.
“Sensores da água”
Durante a fase de teste, foram implantados sensores com monitoramento digital, cujo objetivo foi otimizar o manejo da irrigação e, consequentemente, reduzir o uso deste recurso natural na produção agrícola.
“O objetivo deste trabalho foi relatar a utilização de um sistema agronômico de apoio à decisão (SAD) para reduzir o uso de água em uma lavoura cafeeira irrigada em Minas Gerais e demonstrar como a transformação digital da produção agrícola pode auxiliar no uso inteligente da água disponível para irrigação, principalmente nos períodos de seca.”
Ele complementa, “o uso responsável dos recursos hídricos é, portanto, parte de uma estratégia mais ampla para reduzir os riscos de superexploração dos recursos ambientais para resguardá-los e protegê-los, além de oferecer economia de trabalho e recursos financeiros. O uso da tecnologia é um tema de grande importância no mundo da cafeicultura para apoiar os cafeicultores na implementação de práticas agrícolas eficientes e sustentáveis ao longo do tempo”, avalia Mario Cerutti, Diretor de Sustentabilidade do Grupo Lavazza.
Este projeto contou também com o apoio científico-acadêmico da Universidade de São Paulo (USP) e consiste na utilização dos sensores eletrônicos para promover a agricultura digital e, com isso, monitorar a umidade do solo e orientar o produtor a conhecer a quantidade de água ali armazenada, compreendendo a capacidade que o solo tem em reter a água, utilizando este recurso aos poucos.
Por isso os sensores são importantes, pois eles são o caminho para tal entendimento e informação ao produtor sobre a evolução da umidade do solo, seja por evaporação, perda ou aproveitamento da água pela planta.
Resultados que projetaram a expansão
Os resultados alcançados foram positivos, gerando economia de 30% de água na referida propriedade. Diante disso, as empresas parceiras decidiram expandir o projeto, sendo, agora, recebido pelos produtores da bacia de Ribeirão Grande e seu entorno, em Serra do Salitre, vinculados ao Consórcio Cerrado das Águas.
Em junho, os primeiros sensores foram instalados nas propriedades integrantes do PIPC – Programa de Investimento no Produtor Consciente, na bacia do ribeirão Grande, com treinamento e orientações da xFarm sobre como extrair dados por meio da tecnologia de fácil acesso, cuja expectativa dos produtores é obter economia do recurso hídrico, bem como alcançar precisão em informações como chuvas e umidade do solo, a exemplo dos resultados alcançados no projeto-piloto.
“Sempre foi uma preocupação de todos na minha propriedade sobre o uso racional da água e sobre a utilização, em menor nível possível para o café, pensando em resolver o problema de falta de água para a lavoura e que não prejudicasse o abastecimento da população, visto que a água do córrego Feio não é abundante, mas, sim, suficiente e necessária para abastecer a cidade e os irrigantes. Eles instalaram sensores de solo para medir a umidade pela raiz, substituindo tabelas regionais de perda de água do solo. A real situação do solo foi analisada e assim foi feito um controle efetivo dessa necessidade pelo cafeeiro, dando a ele quantidades mínimas de água”, explicou Bartholo.
Em execução
Até o momento foram instalados cinco sensores de solo e três estações meteorológicas, a expectativa é instalar mais cinco sensores e mais duas estações até setembro de 2023.
O projeto possui capacidade para atender até 20 produtores rurais com a tecnologia que proporciona a inovação de comunicar ao produtor, em tempo real, sobre a umidade do solo em diferentes camadas. Com redução significativa do uso da água nas plantações de café em Serra do Salitre, o CCA avança em seus objetivos de ser um facilitador para a transição para uma agricultura inteligente para o clima juntamente com os parceiros de sua plataforma colaborativa.
“Esse projeto vem ao encontro ao planejamento estratégico do CCA que tem como eixo de ação buscar meios para aprimorar a metodologia e instrumentos para que os produtores tenham redução de custos e capacidade de adaptação de suas lavouras ao processo de mudanças climáticas. A água é um dos fatores limitantes para produção de café na região. Ter um método eficiente e com baixo custo para os produtores, torna-os mais resilientes”, avalia Fabiane Sebaio, Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Água.
Este é mais um projeto que fortalece as estratégias do CCA junto aos produtores em prol da Agricultura Climaticamente Inteligente.
Recentemente, em parceria com a Rabo Foundation, braço de investimento de impacto do banco holandês Rabobank e a COFCO Internacional, uma das maiores tradings do mundo e membro associado do CCA, estão ofertando a primeira linha de financiamento para a resiliência hídrica do café brasileiro. O valor total do financiamento será de R$1,6 milhão e beneficiará produtores da bacia do ribeirão Grande.