Iniciativa procura conservar a Mata Atlântica e recuperar 50 mil hectares de produção de cacau
Ao longo de 4 anos, a iniciativa pretende fortalecer o Sistema Cabruca, revitalizar lavouras e beneficiar cerca de 3 mil produtores rurais do sul da Bahia
Fortalecer a produção de cacau para conservar e recuperar áreas de floresta no sul da Bahia. Este é o objetivo do projeto “Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais cacaueiras”, que será lançado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, durante o Simpósio Sobre Sistemas com Cacaueiro. A iniciativa é fruto de parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Ceplac/MAPA) e a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GIZ).
A novidade é que este será o primeiro projeto da FAO financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), no oitavo ciclo de implementação de acordos multilaterais.
Com investimentos de 5,3 milhões de dólares, a parceria vai promover a conservação da biodiversidade e a recuperação de áreas degradadas no bioma através da gestão sustentável dos recursos. Ao longo de 4 anos, o projeto vai apoiar o fortalecimento do Sistema Cabruca, um modo de cultivo agroflorestal que utiliza a sombra das árvores nativas para a produção de cacau. Um dos resultados esperados da parceria é impulsionar a geração de renda para pequenos produtores locais associada às práticas de conservação da biodiversidade.
A expectativa é iniciar a fase de preparação do projeto de forma participativa, ampliando o diálogo com instituições e produtores rurais. Ao final, a parceria pretende beneficiar 3 mil agricultores familiares, revitalizar 50 mil hectares de lavoura de cacau e levar apoio e financiamentos para mais de 1,6 milhão de
hectares de áreas produtivas. Em todo o país, o cultivo do cacau é feito numa área de quase 600 mil hectares por 93 mil produtores rurais. Destes, 74% pertencem à agricultura familiar.
O projeto pretende, ainda, dedicar atenção especial ao planejamento do uso da terra, à gestão compartilhada dos recursos naturais e ao desenvolvimento de políticas e legislações de apoio aos produtores e à conservação ambiental.
De acordo com Tiago Rocha, oficial de projetos GEF da FAO no Brasil, a iniciativa tem grande potencial de aliar conservação ambiental com otimização do cultivo. “Essa é uma das abordagens mais eficazes em prol da manutenção dos serviços ecossistêmicos e do desenvolvimento social das populações rurais.
A FAO e o GEF, em conjunto com a Ceplac e parceiros, irão potencializar o uso desse importante mecanismo de fortalecimento do Sistema Cabruca, que é uma prática histórica no sul da Bahia”, explica.
Para ele, o projeto é fundamental para o enfrentamento de algumas barreiras históricas observadas nesse tipo de produção, como a falta de assistência técnica, a necessidade de melhor governança e de valorização do mercado de cacau cabruca, por exemplo.
“É um projeto extremamente importante para a FAO, não só por seu aspecto social, mas por possibilitar a expansão e recuperação de áreas degradas, o aumento da conectividade ecológica apoiada em mecanismos financeiros e geração de renda, o que permitirá que os resultados sejam sustentáveis ao longo dos anos”, diz.
Também é esperado que a iniciativa promova a troca de conhecimentos entre produtores rurais e instituições acadêmicas, o intercâmbio de informações entre regiões, além de possibilitar parcerias com o setor privado.
Informação cedida diretamente da assessoria da FAO.