Desmatamento: Polícia prende “maior devastador” da Amazônia em operação

Bruno Heller foi capturado pela Polícia Federal durante a Operação Retomada, que mira esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na Amazônia

Nesta quinta-feira (3), a Polícia Federal prendeu o empresário Bruno Heller, considerado pelos investigadores como o “maior devastador” da Amazônia já identificado.

A prisão ocorreu durante a Operação Retomada, que tem como foco desmantelar um esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na floresta amazônica.

A captura do líder do esquema

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Foto: Polícia Federal

Apontado como líder do grupo sob suspeita, Bruno Heller foi preso em flagrante na cidade de Novo Progresso, no Pará. Na ocasião da prisão, o empresário estava em posse de ouro bruto e uma arma ilegal.

Ele será conduzido ao sistema prisional em Itaituba (PA). O histórico do infrator inclui 11 autuações e seis embargos aplicados pelo IBAMA.

Terras da União usurpadas

Desmatamento

Foto: Pixabay

De acordo com os investigadores, o grupo liderado por Heller “teria se apossado de mais de 21 mil hectares de terras da União.”

A Polícia Federal já identificou o desmatamento de mais de 6.500 hectares de floresta em nome da quadrilha. Tal devastação equivale a quase quatro Ilhas de Fernando de Noronha, conforme relatado pela corporação.

Desmatamento ambiental com rastros de um único autor

Desmatamento

Foto: Agência Brasil

Os agentes da Operação Retomada constataram indícios de que um único autor, o empresário Bruno Heller, é o responsável pelo desmatamento, contando com um enorme aporte de recursos para viabilizar suas atividades ilegais.

Os danos se estenderam a áreas próximas a terras indígenas e unidades de conservação, afetando inclusive a Terra Indígena Baú, com aproximadamente 1541 mil hectares.

Ação efetiva da PF

Desmatamento

Foto: Polícia Federal

A Operação Retomada mobilizou agentes para vasculhar três endereços em Novo Progresso (PA) e Sinop (MT). Como resultado, foram executadas ordens de sequestro de veículos, 16 fazendas e imóveis, além da indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado.

A Justiça Federal bloqueou R$ 116 milhões dos investigados, quantia estimada dos recursos extraídos pelo grupo e necessária para a recuperação das onde houve desmatamento.

Cadastros fraudulentos e impunidade

Fake

Foto: Envato

As investigações revelaram que o grupo suspeito utilizava cadastros fraudulentos no Cadastro Ambiental Rural, registrando áreas em nome de terceiros, especialmente parentes próximos.

Posteriormente, essas áreas eram desmatadas e destinadas à criação de gado. O esquema buscava proteger os verdadeiros responsáveis pela exploração ilegal, evitando processos criminais ou administrativos que recairiam sobre os membros do grupo sem patrimônio.

Quem é Bruno Heller?

Empresário

Foto: Envato

Bruno Heller é um empresário conhecido por suas extensas atividades pecuárias na região de Novo Progresso, o que lhe rendeu o título de “um dos maiores devastadores do bioma amazônico” em comunicado divulgado pela Polícia Federal do Brasil.

De acordo com as investigações, nos anos 2000, Bruno Heller e sua família migraram da região Sul do Brasil para Novo Progresso. Eles supostamente se apossaram de terras pertencentes à União ao longo da rodovia BR-163, que conecta Santarém a Cuiabá. Lotes de terras públicas foram subdivididos e distribuídos entre parentes, incluindo menores de idade.

A maioria desses beneficiários não residia na região nem se envolvia em atividades agrícolas, o que os investigadores veem como uma tentativa de contornar as leis de regularização fundiária. O suspeito e seu grupo supostamente utilizaram meios fraudulentos para registrar essas terras por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Por Estadão Conteúdo com edição de Guilherme Nannini