André Correa do Lago divulga preparação do Brasil para a COP28
Em uma entrevista exclusiva, o Embaixador e Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamarati, aborda o posicionamento do Brasil no cenário geopolítico global e os desafios e oportunidades na agenda climática
Em entrevista ao Planeta Campo, o Embaixador André Correa do Lago, Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamarati, abordou o posicionamento do país no cenário geopolítico global, a preparação do Brasil na COP 28 e os desafios e oportunidades na agenda climática.
Desmatamento e segurança alimentar
O Embaixador ressaltou a determinação do governo brasileiro em combater o desmatamento, com reduções significativas nos índices nos últimos meses. Ele enfatizou que isso posiciona o Brasil como um país que está enfrentando sua principal fonte de emissões.
“A questão das florestas, em especial a Amazônia, tem sido um elemento essencial da imagem do nosso país, muitas vezes associada ao desmatamento. No entanto, o governo demonstrou uma determinação clara em combater o desmatamento nos primeiros meses, com uma redução de quase 50%. Essa mudança surpreendeu a comunidade internacional, colocando o Brasil como um país que está enfrentando de maneira eficaz sua principal fonte de emissões de gases de efeito estufa.”
O embaixador ressaltou a relevância da preservação ambiental, que está se tornando cada vez mais importante globalmente.
“As consequências sociais da mudança climática são enormes, e o Brasil, em comparação com outros países, está relativamente preservado. No entanto, o país possui uma significativa responsabilidade de contribuir para a segurança alimentar, energética e climática global.”
A trajetória do embaixador André Correia do Lago está profundamente ligada a essa questão, datando desde a Rio-92. Ele trabalhou intensamente nessa área a partir do ano 2000 e foi negociador-chefe do Brasil para mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável, inclusive na Rio+20. Após dez anos representando o Brasil no exterior, retornou ao país em um contexto muito diferente do que vivenciou uma década atrás.
Brasil na COP
Em 2025, o país se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como COP30. O evento acontecerá em Belém e representa uma significativa oportunidade para o país e, em especial, para a região amazônica.
“O presidente Lula assumiu a responsabilidade pelo problema do desmatamento na Amazônia, uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa em nosso território, demonstrando o compromisso do país em enfrentar seu desafio ambiental”.
A realização da COP30 no Brasil é um marco importante para o país, e suas implicações vão além das fronteiras nacionais.
“Com a realização do evento em Belém, o Brasil tem a chance de mostrar ao mundo seus esforços na preservação da Amazônia e seu compromisso com a agenda climática global. Este evento representa uma oportunidade crítica para o país não apenas em termos ambientais, mas também em relação ao seu papel no cenário geopolítico internacional”.
Sobre a preparação para a COP28, o Embaixador explicou o processo de formação da posição brasileira, que envolve coordenações internas no Itamarati e a integração de diferentes ministérios, setores da sociedade e a sociedade civil, para garantir que o Brasil esteja alinhado em seus compromissos internacionais. Ele enfatizou a importância do Brasil em reconstruir a confiança no cenário internacional.
“A preparação para o evento também é um processo importante para o país. Estamos buscando alinhar sua posição com os compromissos internacionais e reconstruir a confiança com os outros países”.
Mercado de carbono
Por fim, a discussão sobre o mercado de carbono foi abordada, destacando a proposta que tramita no Congresso Nacional.
“O mercado voluntário e regulado, juntamente com a valorização da conservação das florestas, oferecem oportunidades econômicas para o Brasil. O país busca uma solução específica para a valorização de florestas em pé e a criação de um mercado de carbono eficaz, capaz de gerar créditos de carbono de alto valor”.