A agropecuária brasileira pode ser parte da solução para a crise climática. Com essa premissa, a Embrapa lança no dia 7 de maio, em Brasília, a Jornada pelo Clima, uma série de eventos que percorrerá os seis biomas do Brasil reunindo pesquisadores, produtores, representantes do setor público e da sociedade civil. O objetivo é construir uma proposta concreta e embasada cientificamente para apresentar na COP 30, que será realizada em novembro, em Belém/PA.
Em entrevista ao Planeta Campo, Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, explicou que a iniciativa vai reunir contribuições práticas e técnicas em temas como mitigação de emissões, recuperação de áreas degradadas e bioeconomia.
“Queremos mostrar como a agropecuária brasileira avançou nos últimos 50 anos, com tecnologias que aumentaram a produtividade e reduziram o impacto ambiental”, afirmou Silvia.
Ciência e agro juntos contra a crise climática
A Jornada pelo Clima será composta por seis eventos, chamados de Diálogos pelo Clima, realizados nas capitais representativas de cada bioma. A programação completa já está disponível no site embrapa.br/cop30. Os encontros vão explorar soluções para adaptação às mudanças do clima e mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
Um dos destaques será a apresentação de dados sobre sistemas como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que tem se mostrado mais eficiente que a monocultura ou até mesmo que projetos exclusivos de restauração florestal.
“No sistema ILPF, conseguimos capturar até 30 kg de carbono por árvore por ano. Na restauração isolada, esse número cai para 20 kg”, explicou Silvia.
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Mostrando a agricultura de baixo carbono
A presidente da Embrapa reforçou que o Brasil possui pelo menos 28 milhões de hectares com potencial para conversão produtiva, sem necessidade de novos desmatamentos. Esses dados estão sendo analisados em parceria com o Ministério da Agricultura e serão usados para orientar políticas públicas como o crédito rural verde e o seguro climático.
“Estamos trabalhando com uma taxonomia rural, junto ao Ministério da Fazenda, para criar indicadores que estimulem práticas sustentáveis no campo”, destacou.
De açaí a zebu: soluções para todos os perfis
Silvia também mencionou o papel das cadeias agroflorestais na bioeconomia amazônica. Exemplos como o cultivo consorciado de cacau, açaí e dendê mostram que é possível gerar renda, preservar e incluir pequenos produtores. Ela destaca ainda o desafio da inclusão socioprodutiva e digital, especialmente para médios e pequenos agricultores.
A Embrapa pretende apresentar todos esses dados, práticas e soluções no AgriZone, espaço que será montado na unidade da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, a apenas 1,5 km do Parque da Cidade, onde ocorrerá oficialmente a COP 30.
“Queremos mostrar ao mundo que é possível produzir alimentos com respeito ao meio ambiente. Temos dados, temos resultados, e temos compromisso com a sustentabilidade”, concluiu Silvia.
O Canal Rural acompanhará de perto todos os eventos da Jornada pelo Clima, trazendo atualizações em tempo real ao longo do ano. Não perca!
