Economia de baixo carbono pode agregar R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro até 2030

A adoção de medidas sustentáveis, em comparação com as práticas habituais da economia, seria capaz de gerar 2 milhões de empregos, proporcionar receitas fiscais adicionais de R$ 742 milhões e R$ 19 bilhões em produtividade agrícola, caso fossem adotadas desde 2020

Um estudo desenvolvido pelo instituto de pesquisa WRI Brasil e pelo projeto The New Climate Economy, juntamente com pesquisadores da COPPE/UFRJ, PUC/RJ e outras instituições, destaca que uma mudança rápida para a economia de baixo carbono poderia agregar R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro até 2030.

A adoção de medidas sustentáveis, em comparação com as práticas habituais da economia, seria capaz de gerar 2 milhões de empregos, proporcionar receitas fiscais adicionais de R$ 742 milhões e R$ 19 bilhões em produtividade agrícola, caso fossem adotadas desde 2020. Além disso, a redução nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 2025, em relação aos níveis de 2005, seria de 42%.

O conceito de economia de baixo carbono leva em consideração a redução das emissões de GEE e o uso racional dos recursos naturais. Possui quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, conservação florestal e promoção da economia circular.

Vantagens para o Brasil

Economia Verde

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O CEO da certificadora de créditos de carbono Tero Carbon, Francisco Higuchi, ressalta que o Brasil talvez seja o país com o maior potencial para se beneficiar dessa nova ordem global, focada no desenvolvimento sustentável.

“O país detém a maior floresta tropical contínua do mundo, além de outros biomas de alta relevância para o equilíbrio climático e a biodiversidade. Uma das principais fontes energéticas são as usinas hidrelétricas, que geram energia de forma renovável e de relativa baixa emissão, além da utilização de outras fontes sustentáveis”, salienta.

O especialista afirma que o desafio é como o Brasil trata essa posição de destaque no cenário mundial. Higuchi alerta para o problema do desmatamento, que continua ocorrendo ano após ano, e a necessidade de se promover mais avanços, considerando que algumas iniciativas já estão sendo desenvolvidas.

“Precisamos investir mais e melhor para fazer o uso sustentável dos nossos espaços e aproveitar todo o potencial disponível. De qualquer forma, é preciso reconhecer os esforços dos setores energético e do agronegócio, este último com emissões relativamente estáveis mesmo com o aumento de produtividade”, lembrou Higuchi.

Desafios de uma nova economia

Bioeconomia

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Sobre o pilar mercado de carbono, o especialista defende que ainda há muitas questões em que serão necessários progressos, desde a regulamentação do mercado até os métodos de quantificação e verificação de carbono.

A respeito dos inventários de emissões dos mais diversos setores, ele afirma que é importante instituir princípios a serem seguidos. “Precisamos estabelecer padrões de mensuração, em especial a quantificação do carbono em si. É necessário mensurar de forma verificável. Apenas estimativas ‘vazias’ não servem para alcançar o real objetivo, que é conter o aquecimento global e a mudança do clima”, destaca Higuchi.

Outro pilar relacionado à economia de baixo carbono sobre o qual o especialista chama a atenção é a conservação de florestas. Inicialmente, ele ressalta que é preciso distinguir “preservação florestal” de “conservação florestal”, pois o primeiro significa “manter intacto” e o segundo diz respeito à “explorar sustentavelmente”.

“Dentro das opções de projetos de conservação das florestas, destaca-se o manejo sustentável de produtos madeireiros e não madeireiros, este último de menor impacto. Quanto ao manejo florestal madeireiro, é preciso observar um melhor aproveitamento da madeira e a possibilidade de agregar valor ao produto, com o investimento em silvicultura e enriquecimento florestal”, diz o CEO da Tero Carbon.

Medidas para a indústria

Indústria, Cop

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Mais um ponto importante para a transição a uma economia de baixo carbono refere-se às medidas a serem adotadas pelo setor industrial. Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), chamado “Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional”, indica que serão necessários investimentos de aproximadamente R$ 40 bilhões até 2050 para o processo de descarbonização do setor.

“É essencial otimizar processos, introduzir tecnologia de alto rendimento e investir em manejo de resíduos, medidas essas que tendem a maximizar lucros, ampliar fatias de mercado, obter diferenciação da marca e viabilizar acessos a nichos de mercado específicos”, destaca Higuchi.