Maranhão reforça combate ao contrabando de defensivos agrícolas

A intensificação da fiscalização de defensivos agrícolas no Maranhão levou à apreensão de 35 toneladas de produtos contrabandeados e ilegais, destacando a necessidade de ações coordenadas para combater essa ameaça ao meio ambiente e à saúde pública.

 

O Maranhão soma apreensões recordes de defensivos agrícolas ilegais. Desde o ano passado já foram apreendidas 35 toneladas de defensivos agrícolas contrabandeados. Diego do Amaral Sampaio, presidente da Associação dos Servidores da Defesa Agropecuária do Estado, relatou que entre os produtos apreendidos, muitos estavam disfarçados em embalagens de outras substâncias, como cosméticos, o que aumenta os riscos de contaminação e dificulta a identificação. “Esse tipo de disfarce é extremamente perigoso, pois coloca em risco a saúde pública e o meio ambiente,” alertou.

Um dos aspectos mais preocupantes dessa problemática é o descarte inadequado das embalagens de defensivos agrícolas ilegais. No Brasil, a devolução de embalagens de agrotóxicos regulamentados é altamente eficaz, com uma taxa de retorno de 98% por meio da logística reversa. No entanto, as embalagens de produtos contrabandeados muitas vezes são descartadas de forma irregular, resultando em sérios impactos ambientais. Sampaio destacou casos em que tambores originalmente usados para armazenar agrotóxicos ilegais foram reutilizados por comunidades locais para armazenar água potável, expondo a população a graves riscos.

A falta de pessoal e infraestrutura adequados também é um desafio enfrentado na fiscalização. Com apenas 15 auditores do MAPA para cobrir 217 municípios no Maranhão, a atuação dos órgãos de defesa agropecuária é limitada. A AGED, por exemplo, conta com 350 servidores, dos quais 45 são agrônomos dedicados à fiscalização de defensivos agrícolas. “Esse contingente é claramente insuficiente para atender a demanda de um estado com dimensões tão grandes como o Maranhão,” comentou Diego, ressaltando a necessidade de maior investimento em recursos humanos e tecnológicos.

Apesar das dificuldades, as operações de fiscalização no estado têm mostrado resultados positivos, com a colaboração de diversas entidades, incluindo a Polícia Civil, o Ministério Público e o MAPA. A utilização de um helicóptero do Centro Tático Aéreo, por exemplo, tem sido fundamental para aumentar a eficiência das ações em áreas de difícil acesso, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz às ocorrências.

O mercado de defensivos agrícolas no Brasil movimenta aproximadamente R$ 107 bilhões, e estima-se que 24% a 25% desse volume seja de produtos contrabandeados, o que gera uma perda significativa de arrecadação para o governo, em torno de R$ 18 bilhões. Além das perdas econômicas, os riscos à saúde pública e ao meio ambiente tornam-se cada vez mais evidentes, exigindo uma atuação firme e coordenada das autoridades.

As apreensões recordes no Maranhão evidenciam a gravidade do problema e a necessidade de continuidade e intensificação das ações de fiscalização. A questão do contrabando de defensivos agrícolas é complexa e envolve riscos que vão além do mercado ilegal, afetando diretamente a segurança ambiental e a saúde da população.