8º Encoffee recebe mais de 900 cafeicultores de sete estados produtores em edição histórica sobre clima e mercado

Produtores, cooperativas, pesquisadores e empresas se reuniram para falar sobre mercado, preço, manejo e previsão de safra em Uberlândia (MG).

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Poda e manejo, adubação adequada, correção de solo e espaçamento, mudanças climáticas, custo de produção e novos mercados. A vida do cafeicultor não é fácil. E nos últimos tempos, as intempéries climáticas, ora com seca ora com geada e, mais recentemente, com queimadas, trazem uma preocupação adicional ao cafeicultor.

“São muitos os desafios, mas ainda assim sou otimista e incentivo os jovens a acreditarem no café”, afirma Carlos Augusto, Presidente da Cooxupé, que participou do painel sobre ESG e Novas Regras do fluxo de comércio durante o 8° Encoffee ao lado de José Marcos Magalhães, Presidente da Minasul. Ambos trataram sobre as oportunidades que a cafeicultura deve vislumbrar diante das exigências ambientais impostas pela Europa. “O Brasil está muito avançado nisso. Hoje nós temos condições de atender e mostrar ao mundo que o nosso café, além de ser sustentável, é produzido em áreas livres de desmatamento, que também é uma lei que foi imposta”, afirma Magalhães. O evento aconteceu nesta terça e quarta, 1 e 2/10 no Palácio de Cristal em Uberlândia/MG.

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Os preços do café estão em níveis históricos atualmente nas bolsas internacionais. No caso do café arábica, há uma grande preocupação com a seca no Brasil, já que as altas temperaturas no período crucial de floradas podem impactar na safra 2025 do maior produtor global de café. Em relação ao café conilon – ou robusta – a quebra de safra do Vietña fez com que o preço da commodity atingisse os patamares mais altos em 16 anos, refletindo em cotações mais altas do que a variedade arábica, tradicionalmente mais valorizada no Brasil. Essa semana, a saca de 60 kgs do café arábica está custando em média R$ 1.480,00 em Guaxupé/MG enquanto o café conilon em Vitoria/ES é negociada a R$ 1.510,00, segundo a consultoria Safras e Mercado.

“Temos grandes desafios. O primeiro é o clima. No Espírito Santo a maioria da produção de café é irrigada, mas dependendo da temperatura a água não é o bastante. Temos problemas com mão-de-obra e fazer novos plantios sem ter segurança da mão-de-obra é complicado, porque você vai investir, mas na hora da colheita você vai ter dificuldade. E um outro ponto é investimento em pesquisa, avançamos muito mas aumentar a qualidade do café conilon é uma grande necessidade para nós”, afirmou Luiz Carlos Bastianello, Presidente da Cooabriel, a maior cooperativa de cafe conilon do Brasil, durante painel sobre a cultura.
Em dois dias, o evento reuniu cafeicultores de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná e Goiás, em um ambiente exclusivo e acolhedor para debater as principais necessidades dos cafeicultores, como novos investimentos em tecnologias de irrigação, certificações, mercado e gestão. “Os produtores vivem tempos desafiadores e o nosso propósito com mais esta edição do evento é levar conhecimento que ajude o empresário do setor a tomar decisões e planejar novas estratégias para o seu negocio”, conta Luciana Martins, Diretora Executiva do Grupo Conecta.

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Dentre os destaques da programação, o Doutor em Economia Felipe Serigatti, coordenador do curso de Mestrado em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) falou sobre o que esperar para a economia daqui para frente. “Na economia mundial, temos um cenário positivo, mas com riscos. Houve redução da inflação de forma quase generalizada entre as principais economias e um ciclo de normalização da taxa de juros, mas as fontes de risco são a economia chinesa com desequilíbrios evidentes, principalmente com o recuo do mercado imobiliário, e atritos no oriente médio. No Brasil, o modelo de crescimento é insustentável, com o governo gastando mais do que a arrecadação”, explica Serigatti.

A oitava edição do Encoffee foi histórica porque, além de destacar temas relevantes para a cafeicultura, ele marca um novo momento do Grupo Conecta, que em 19 e 20 de novembro realiza o Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas em Santa Catarina, reunindo mulheres do agro de todas as partes do país para debates técnicos e networking. Além disso, em 2025, a empresa prepara o inédito CCA – Congresso Conecta Agro, cuja proposta é unificar todos os eventos e se transformar em um ecossistema de acesso ao mercado do agronegócio, inovação e oportunidades.