COP26 chega ao fim com desafios à espera de soluções
Durante a Conferência, vários pontos foram acordados, como corte de emissões de gases do efeito estufa e redução do desmatamento até 2030
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 foi a 26.ª conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), realizada entre 1 e 12 de novembro, na cidade de Glasgow, na Escócia. O evento chegou ao fim nesta sexta-feira (12) e o acordo mais esperado, que é o de mercado de crédito de carbono internacional, até agora não foi concluído.
O Planeta Campo trouxe algumas vezes essa discussão, de que não seria fácil estabelecer o mercado de crédito de carbono internacional por conta de muitas dúvidas. Por exemplo, como evitar que um país cobre duas vezes por uma área verde preservada? E os valores dos títulos? Cada vendedor põe um preço ou teremos uma tabela?
No Brasil, muitos líderes julgam que seria necessário esperar essa formação internacional para, então, estabelecer um mercado nacional, com negociações internas. O Projeto de Lei está prestes a ser votado na Câmara dos Deputados. Ou melhor, prestes, porque foi adiado várias vezes. Inclusive nessa semana.
O relator do PL está em Glasgow, na Escócia, buscando apoio de empresários e políticos. O deputado federal pelo PL (Partido Liberal), Marcelo Ramos, conversou com a repórter Sara Kirchoff durante a Conferência.
Segundo o parlamentar, foi feita uma grande negociação com vários setores do país onde o próprio governo sinalizou o desejo de votar a PL. “Nós fomos cedendo todos os pontos que o governo pressionava, mas quando chegamos ao texto que o próprio Ministério do Meio Ambiente pedia, o ministro manifestou que não concordava com a votação, o que foi uma deslealdade no diálogo conosco”, afirmou.
Ramos disse ainda que não aprovar o mercado de carbono é retirar o Brasil de um mercado que em 2019 movimenta 45 bilhões de dólares. Vale ressaltar que os Estados Unidos e a China divulgaram na última quarta-feira (10), durante a COP26, um acordo de compromisso em trabalhar juntos contra a liberação de carbono na atmosfera. Os dois países são os principais emissores de gases do efeito estufa do planeta.
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Durante a Conferência, vários pontos foram acordados, como corte de emissões de gases do efeito estufa, redução do desmatamento em 2030 e mais de 30 instituições financeiras se comprometeram a eliminar o investimento em atividades vinculadas ao desmatamento. Juntas, essas instituições administram US$ 8,7 trilhões em ativos.
Além disso, outra meta anunciada pelo governo brasileiro foi de atingir a neutralidade (saldo zero) de emissões até 2050 – compensar cada tonelada de carbono com algum tipo de absorção, como o reflorestamento.
Acordo não cumprido
Em Glasgow, o diretor da Agroicone, Rodrigo Lima, comentou sobre o não cumprimento destes acordos. Segundo o especialista, são acordos paralelos à Conferência e os setores envolvidos podem sofrer barreiras de comércio ou créditos. “Eu acho que o Brasil, pela envergadura e pungência na área ambiental e agropecuária, não tem como ficar de fora desta discussão. A adesão do Brasil a declaração de florestas e antecipação da meta de eliminação do desmatamento ilegal para 2028 me parece muito relevante”, explicou.
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