Fórum Planeta Campo reuniu principais lideranças do Agro
Discussões reforçam a necessidade de tecnologia e a possibilidade de reduzir emissões de metano no setor.
Um encontro necessário, robusto e oportuno. Esse é o resumo do dia de discussões que integraram o fórum planeta campo, evento coordenado pelo canal rural e que reuniu 120 lideranças de toda a cadeia, desde produtores rurais até entidades privadas e governamentais.
A ministra Tereza Cristina participou de forma virtual e comentou sobre as atuações durante a conferencia mundial do clima, a COP 26, e os impactos de medidas para impelmentação do plano abc+ e sobre a preocupação em conter o desmatamento ilegal.“Nós saímos da cop26 com o compromisso de zero o desmatamento ilegal até 2030. também assinamos o acordo do metano. esse acordo traz desafios, mas sobretudo traz oportunidade. O Brasil deverá superar um conjunto de obstáculos, entre eles o desafio do crédito, a fim de cumprir com os seus compromissos climáticos”, afirmou.
Também de forma remota, o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, discursou sobre créditos de carbono. “A COP do clima vira uma vitrine para uma agricultura que é sustentável que nós temos que lembrar que essa agricultura é sustentável e podendo também exportar crédito de carbono”, falou.
Emissão de metano
O primeiro painel levantou a bola para discussões que tiveram início na conferência do clima, a COP 26, como o plano ABC +, mostrado ao mundo na ocasião e a meta assumida que tem impacto direto no setor: a redução em 30% da emissão de metano. para o especialista em agronegócio, eduardo assad, essa redução não assusta.
O metano é um potente gás de efeito estufa. tem mais de 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono. o gás virou agora, oficialmente, um grande alvo do mundo. inclusive, no segundo painel, os produtores rurais subiram no segundo painel para mostrar como manejos sustentáveis mudam esse jogo e podem fazer parte da realidade dentro da porteira.
Caio Penido, presidente do Instituto Mato-grossense da carne (Imac), defendeu a pecuária brasileira, demonstrando suas vantagens frente a da união europeia. segundo ele, o brasil tem hoje a maior biodiversidade do planeta, além do código florestal e o plano abc+. “E, com tudo isso, ainda tem outros países dando pitaco, mas nós somos muito melhores do que eles. por outro lado, entendemos que a diplomacia climática é delicada e tem seu tempo”, disse.
Para o presidente do Imac, o Brasil está muito bem colocado no quesito ambiental. “nós temos um agronegócio rico, pujante. mas deixamos a desejar no social. precisamos ter um olhar mais apurado para os vulneráveis nas florestas e nas cidades”, concluiu.
Baixo carbono
O Terceiro painel colocou em cena o protagonismo da agricultura, e mostrou as iniciativas que já fazem do brasil um campeão da sustentabilidade. o tema em questão foi o “baixo carbono: o protagonismo da agricultura”.
O presidente da associação brasileira dos produtores de algodão, Júlio Busato, disse que quando os números do agronegócio brasileiros são expostos, fica difícil sustentar a narrativa de desmatamento. “Nós podemos produzir e preservar. e é isso o que os agricultores estão fazendo”, disse.
Busato comentou ainda que os agricultores usam apenas 8% do território para produzir o necessário em grãos e fibras. “preservamos uma área maior do que a europa. mas ninguém quer ouvir, embora esses sejam os números, seja a verdade”, afirmou.
Mercado de carbono
Outro participante da discussão foi Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT. o representante da entidade apresentou o ‘soja legal’, um programa com mais de 10 anos de existência. “São mais de 3 milhões de hectares, 1.600 propriedades rurais, 2.505 produtores que seguem o tripé ambiental, social e econômico. a gente já faz tudo isso, mas falta mostrar”, ressaltou
o presidente da aprosoja- mt falou também de pesquisas e estudos para deixar mitigar emissões de gases de efeito estufa. “recentemente nós contratamos um estudo da esalq/usp para quantificar o nosso sequestro de carbono no sistema de plantio direto e também nas reservas. todos os produtores do projeto estão aptos a comercializar. ou existe dinheiro no mundo para pagar o sequestro que a gente faz na agricultura ou a gente acaba com a narrativa que existe mundo afora”, observou.
Sustentabilidade social
Para finalizar a manhã de discussões, a sustentabilidade foi atrelada ao social: “transformação social por meio da sustentabilidade”. Os convidados falaram sobre a importância de priorizar não apenas o meio ambiente, mas o desenvolvimento social e econômico, especialmente em comunidades mais vulneráveis como na amazônia brasileira
Segundo a diretora do fundo JBS pela Amazônia, Andrea Azevedo, além da preservação do meio ambiente, é preciso buscar sustentabilidade econômica. “no brasil, historicamente, o ambiental e o social caminham juntos. os projetos não podem apenas buscar a sustentabilidade ambiental, é preciso reduzir a pobreza”.
De acordo com o coo global da UPL, Carlos Pellicer, sustentabilidade ambiental e social precisam caminhar juntas. “É preciso olhar para o pequeno produtor, ele precisa ser recompensado de maneiras diferentes, até para viabilizar o mercado de carbono, por exemplo”, explica.
O executivo da UPL também falou sobre o lançamento do projeto mais recente do grupo. com o nome de gigaton challenge (projeto feito junto com a fundação fifa, federação internacional de futebol), com o objetivo de retirar 1 bilhão de toneladas (1 gigaton) de gases de atmosfera até 2040, o que renderia cerca de us$ 15 bilhões em créditos de carbono.
Parte do valor (entre 60% e 70%), será revertido em bonificação aos produtores rurais responsáveis pela geração deste crédito, o restante será usado em despesas operacionais. “Se trabalharmos no conceito de cadeia de valor, todos ganham. e o mais importante, além de gerar valor, incorporar e auxiliar as comunidades, melhorar a condição de vidas das pessoas com políticas públicas e uma produção adequada”, finalizou Eufran Ferreira do Amaral, da Embrapa Acre, encerrando o Fórum planeta campo.