Clima severo pode prejudicar colheita de cacau na Costa do Marfim

O país produziu 2,14 milhões de toneladas de cacau na temporada, queda de 2,7% em relação aos 2,2 milhões de toneladas no ano anterior

A colheita de cacau da Costa do Marfim, principal produtor mundial do produto, pode ser “severamente” prejudicada pelos efeitos adversos das mudanças climáticas, alertou o Banco Mundial em relatório divulgado nesta segunda-feira (2).

Durante a temporada de colheita recém-encerrada, o país africano enfrentou chuvas em excesso e períodos de secas, o que interrompeu as vendas devido à incerteza sobre se o volume disponível seria suficiente para atender a demanda.

O país produziu 2,14 milhões de toneladas de cacau na temporada, queda de 2,7% em relação aos 2,2 milhões de toneladas no ano anterior.

“O Relatório Nacional sobre Clima e Desenvolvimento para a Costa do Marfim é um alerta para o país”, disse Marie-Chantal Uwanyiligira, diretora de Operações do Banco Mundial para Costa do Marfim, Benin, Guiné e Togo. “As autoridades devem tomar medidas imediatas e decisivas para enfrentar as mudanças climáticas, promovendo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento sustentável”, acrescentou.

Uwanyiligira alertou que setores-chave da economia da Costa do Marfim, como o cacau e a energia, podem ser gravemente afetados pelas mudanças climáticas.

Em outubro, a autoridade meteorológica da Costa do Marfim, Sodexam, alertou o país para tomar medidas contra o clima seco esperado para os próximos meses. A Sodexam apelou para ações de enfrentamento, como alertas meteorológicos, diante dos desafios que o fenômeno climático El Niño deve trazer para a agricultura.

Impactos econômicos e sociais

A redução da produção de cacau na Costa do Marfim teria impactos econômicos e sociais significativos para o país. O cacau é a principal fonte de renda para milhões de pessoas na Costa do Marfim, e a sua produção representa cerca de 20% do PIB do país.

Uma redução da produção de cacau também teria impacto no preço do produto no mercado internacional, o que poderia afetar o poder de compra de consumidores em todo o mundo.

Medidas para enfrentar as mudanças climáticas

O Banco Mundial recomenda que a Costa do Marfim tome medidas para reduzir sua vulnerabilidade às mudanças climáticas, como o plantio de árvores, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para eventos climáticos extremos.

O governo da Costa do Marfim já anunciou um plano para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 20% até 2030. A ação inclui medidas para aumentar a eficiência energética, promover a energia renovável e restaurar florestas.

Por Estadão Conteúdo