Extremos climáticos causam prejuízo de quase R$300 bilhões ao agro

Os extremos climáticos referem-se a eventos do clima que estão muito fora do padrão ou média esperada para uma determinada região e época do ano

Entre os anos de 2013 e 2022, eventos climáticos extremos causaram danos significativos à agropecuária brasileira, totalizando R$ 287 bilhões em prejuízos.

A análise, realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base nos dados do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, revela a extensão dos impactos das condições climáticas adversas sobre o setor agropecuário do país.

O que são extremos climáticos?

El Niño

Foto: Freepik

Extremos climáticos referem-se a eventos do clima que estão muito fora do padrão ou média esperada para uma determinada região e época do ano. Esses eventos climáticos extremos podem incluir:

  1. Temperaturas Extremas: Isso pode significar temperaturas excepcionalmente altas (ondas de calor) ou excepcionalmente baixas (ondas de frio). Esses extremos podem levar a condições perigosas para a saúde humana e a impactos significativos na agricultura e nos ecossistemas.
  2. Precipitação: Eventos de precipitação extrema incluem chuvas torrenciais, tempestades severas e enchentes. Esses eventos podem causar inundações, deslizamentos de terra e danos materiais significativos.
  3. Secas Prolongadas: As secas são períodos de escassez de chuva que podem durar semanas, meses ou até anos. Elas podem causar sérios problemas de abastecimento de água, afetar a agricultura e aumentar o risco de incêndios florestais.
  4. Furacões, Tufões e Ciclones: Esses são nomes diferentes para tempestades tropicais intensas que podem causar ventos violentos, chuvas torrenciais e inundações costeiras. Eles representam uma ameaça significativa para áreas costeiras.
  5. Incêndios Florestais: Incêndios florestais intensos e incontroláveis podem ser desencadeados por condições climáticas secas e ventosas. Eles podem devastar vastas áreas de vegetação, causar danos à saúde e afetar a qualidade do ar.
  6. Tempestades de Neve: Granizo e tempestades de neve extremas podem causar danos a culturas, propriedades e infraestrutura.
  7. Eventos Meteorológicos Tropicais: Além dos furacões, eventos como tornados e tempestades severas também se enquadram em extremos climáticos. Eles podem causar danos localizados, mas graves.
  8. Elevação do Nível do Mar: O aumento do nível do mar, muitas vezes ligado às mudanças climáticas, pode levar a inundações costeiras mais frequentes e intensas, prejudicando regiões litorâneas.
  9. Eventos de Inversão Térmica: Isso ocorre quando uma camada de ar quente fica presa sobre uma camada de ar frio, causando poluição do ar e má qualidade do ar nas áreas urbanas.

Danos na Agricultura e Pecuária

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Foto: Envato

A agricultura foi o setor mais afetado, com prejuízos que totalizaram R$ 216,6 bilhões, representando 65% do valor total dos danos. Além das secas, as chuvas em excesso contribuíram com 14% das perdas na agricultura, somando R$ 30,3 bilhões. As perdas de lavouras atingiram 6,8 milhões de hectares, uma área equivalente à soma dos territórios dos Estados do Rio de Janeiro e Alagoas.

Na pecuária, os prejuízos totalizaram R$ 70,4 bilhões, sendo que 92% dessas perdas foram ocasionadas pela falta de chuvas, totalizando quase R$ 65 bilhões. O impacto dos eventos climáticos na agricultura e pecuária representou 90% dos danos sofridos pela iniciativa privada.

A seca foi responsável por 87% dos prejuízos na agropecuária durante o período analisado. A falta de chuvas resultou na publicação de mais de 12 mil decretos municipais de situação de emergência ou estado de calamidade pública.

Esse evento climático afetou principalmente a agricultura, causando perdas de R$ 186,2 bilhões, o que corresponde a 86% das perdas agrícolas totais.

Setores como indústria e serviços também enfrentaram prejuízos devido a eventos climáticos extremos entre 2013 e 2022, somando R$ 320,1 bilhões em perdas.

As regiões mais afetadas pelos eventos climáticos foram o Nordeste e o Sul, que sofreram 36% e 33% dos prejuízos na agropecuária, respectivamente. No entanto, em alguns estados específicos, como Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte, as perdas foram ainda mais significativas.

Impacto nos municípios

A CNM também destacou o impacto desses eventos climáticos nos municípios brasileiros. Cerca de 4.624 municípios emitiram 14.635 decretos de anormalidade durante o período analisado, com 3.384 municípios fornecendo dados ao governo federal.

As 500 cidades líderes no ranking de Índice de Desenvolvimento da Agropecuária Municipal (Idam) concentraram 66% do Valor Bruto da Produção (VBP) da agricultura, mas apenas 38% dos danos às lavouras. Em contrapartida, os 500 municípios com menor pontuação representaram apenas 1% do VBP, mas sofreram 9% dos prejuízos.

Com informações de Valor Econômico