As novas regras do jogo: problemas ou oportunidades para o agro?

Boas práticas ambientais, sociais e de governança, a chamada agenda ESG, se transformam em sinônimo de competitividade no mercado, principalmente no agronegócio

A preocupação com a preservação dos recursos naturais e a dignidade humana está presente em todo o mundo. Desastres causados por extremos do clima em diversas partes do globo e a recente pandemia da COVID-19 são percebidos pela sociedade como alertas de que a conservação dos ecossistemas é essencial.

O mercado também responde a essa tendência, exigindo produtos com baixo impacto ambiental. São as novas regras do jogo.

Neste contexto, as boas práticas ambientais, sociais e de governança, a chamada agenda ESG, se transformam em sinônimo de competitividade no mercado, principalmente no agronegócio.

É aí que os selos e certificações ganham importância. Eles atestam que a produção de determinado produto é feita com respeito ao meio ambiente e também aos direitos humanos. A comprovação das boas práticas pode agregar valor à produção rural e garantir o acesso a mercados exigentes.

Mas há um porém. Apesar de todos os benefícios, os custos e processos complexos envolvidos podem ser bastante desafiadores.

Além disso, há o receio de que imposições unilaterais não levem em consideração as diferentes realidades locais e não respeitem a soberania legal de cada país, resultando em barreiras de comercialização.

Diante deste cenário, como garantir um comércio justo e transparente para todos e, ao mesmo tempo, promover a agenda ESG?

A solução para este desafio vai determinar se as novas exigências socioambientais serão um problema ou uma oportunidade para o agro brasileiro no futuro.

O papel do Brasil

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Foto: Envato

Dessa forma, o Brasil tem um papel importante a desempenhar na promoção da agenda ESG no agro. O país possui uma vasta biodiversidade e uma população rural significativa. Além disso, tem uma tradição de produção sustentável.

Para aproveitar essa oportunidade, o Brasil precisa avançar na implementação de políticas públicas que incentivem a adoção de boas práticas ESG no agro. Também é importante fortalecer o diálogo com outros países para promover parcerias e ações conjuntas.

É aí que os selos e certificações ganham importância. Eles atestam que a produção de determinado produto é feita com respeito ao meio ambiente e também aos direitos humanos. A comprovação das boas práticas podem agregar valor à produção rural e garantir o acesso aos mercados mais exigentes.

Se o Brasil conseguir avançar nessas áreas, terá condições de se tornar um líder global na promoção da agenda ESG no agro. Isso traria benefícios não apenas para o meio ambiente, mas também para a economia e a sociedade brasileira.

União Europeia “não enxerga” agro brasileiro

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Foto: Reprodução

Durante o Fórum Planeta Campo 2023, que ocorre nesta quinta-feira (9), Damian Liuna conselheiro de seção de comércio da União Europeia no Brasil, expôs qual a visão atual da União Europeia em relação ao Brasil atualmente.

“O Brasil tem muitas oportunidades, apesar dos problemas de desmatamento. O país já conseguiu zerar o desmatamento na Mata Atlântica, está avançando, o setor está em boa disposição de cumprir as exigências do mercado europeu.

Ele ainda revelou que a expectativa é que o Mercosul assine um acordo comercial com a União Europeia que viabilize a exportação mais fácil de produtos para países europeus.

“Nós sabemos que não só o Brasil, mas também outros países da América do Sul estão produzindo com sustentabilidade. O que realmente tem faltado são dados, estudos comprobatórios para que essa relação possa avançar.”

Já Bruno Galvão advogado especialista em ESG trouxe uma visão diferente de como o Brasil devia ser separado com relação as leis socioambientais.

“É essencial discutir o Brasil de maneira regionalizada, considerando a vastidão do país. Não podemos tratá-lo como uma única grande região, pois suas diversidades são significativas.”

Ele continua, “precisamos comprovar por exemplo que o produto que chegue ao porto europeu tenha uma legislação relevante por tratados internacionais. como a gente vai provar que o grão da soja, a carne está cumprindo as exigências”.

o brasil precisa ter mais participações propositivas dentro do cenário internacional. importante fazer acordos de cooperação. transformar o potencial brasileiro em realidade competitiva com classificação de baixo risco nas áreas, acordos de cooperações, permitindo um ganho de mercado

Renata Miranda secretária de inovação do Mapa ressaltou o Brasil como pioneiro de sustentabilidade e indagou por que o país ainda não é reconhecido como tal.

“É intrigante como mesmo possuindo o melhor código florestal, sendo um dos principais produtores de alimentos e tendo um plano de baixo carbono exemplar, continuamos a ser alvo de críticas de países europeus que questionam nossa sustentabilidade.”

“Brasil não pode ser culpado. O que nos falta é fornecer mais dados, visibilizar o agro brasileiro como o grande aliado do meio ambiente”, disse.

O desafio dos pequenos produtores

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Foto: Reprodução

Um dos principais desafios para a adoção de boas práticas ESG no agro é o acesso a recursos financeiros. Os pequenos produtores, que representam a maioria dos agricultores brasileiros, muitas vezes não têm condições de arcar com os custos de implementação dessas práticas.

Galvão diz que é crucial fazer com que a União Europeia olhe para o Brasil de maneira diferente, sem prejudicar o pequeno produtor.

“Valorizar a preservação ambiental e recompensar o produtor são passos essenciais para que haja essa aproximação para superar esse desafio, é necessário o desenvolvimento de políticas públicas que facilitem o acesso a crédito e financiamento para os pequenos produtores. Também é importante promover a capacitação desses produtores para que eles possam adotar boas práticas ESG de forma sustentável no agro”, finaliza.