Brasil está em 18º na corrida por zero emissões, diz estudo
Na América Latina, país ficou apenas atrás do Chile
O Brasil ficou em 18º lugar entre 32 países no ranking Net Zero Readiness Index 2021, que avalia avanços na corrida por zerar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) realizado pela consultoria internacional KPMG.
Brasil, Chile (16º) e Argentina (22ª) foram os três países sul-americanos entre os 25 com melhor desempenho na corrida para o Net Zero, com base no progresso até o momento e nas iniciativas estabelecidas. Noruega, Reino Unido e Suécia, respectivamente, lideram o ranking.
A sócia-diretora líder de ESG da KPMG na América do Sul e da KPMG IMPACT, Juanita López, comenta que em um contexto pós-COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), tais análises são bastante relevantes.
“Os países se comprometeram com o Acordo de Paris e a divulgar a atualização das metas climáticas divulgar antes da próxima edição da conferência. Cumprir com esses objetivos exigirá o trabalho colaborativo entre governos e todos os setores da sociedade civil, principalmente do setor privado, que tem um papel fundamental para que que os países alcancem a meta estabelecida”, disse.
Brasil
Durante a COP-26, o país anunciou novas metas para redução dos gases de efeito estufa, comprometendo-se com uma redução de emissões líquidas de 50% até 2030 e neutralidade de carbono até 2050.
De acordo com o relatório da KPMG, as emissões brasileiras de GEE foram distribuídas no ano passado em 65% desmatamento, uso da terra e agricultura; 12% indústria, 2% em construção civil, 14% em transportes e 7% em eletricidade.
O Brasil utiliza extensivamente a energia hidrelétrica para gerar eletricidade e está desenvolvendo outras fontes de energia renováveis, como solar, eólica e biocombustíveis.
“O Brasil está trabalhando para diversificar suas fontes de energia verde, considerando a dificuldade de expansão das soluções hidrelétricas de grande porte pela enorme necessidade de terras dos reservatórios de hidrelétricas e a falta de confiabilidade nas estações secas”, analisa o sócio-líder de energia e recursos naturais da KPMG na América do Sul, Manuel Fernandes.
Contudo, nos últimos três anos, o aumento desmatamento e incêndios em áreas florestais pioraram os resultados do país. O estudo diz que os negócios do Brasil dependem economicamente da agricultura e estão trabalhando para adotar tecnologias que reduzam suas emissões.
“No entanto, esse trabalho é prejudicado por desmatamento e incêndios florestais nos últimos anos na Floresta Amazônica, que são extremamente prejudiciais para a capacidade do país de atingir o Net Zero”, apontou o relatório.
Um estudo publicado na revista científica Nature em abril de 2021, constatou que algumas áreas da maior floresta tropical do mundo são emissoras líquidas de CO2 devido à perda de árvores, e que a região amazônica foi um contribuinte líquido para mudanças climáticas entre 2010 e 2018.
Além disso, menores volumes de chuva estão elevando os preços da energia hidrelétrica e deixando o país cada vez mais nas importações de gás natural líquido.
As vantagens comerciais, bem como ambientais, da energia limpa inverteu seu curso em certa medida e isso exige uma significativa recuperação de áreas e reflorestamento para sequestrar CO2.