A evolução da agropecuária brasileira
Cléber Soares, secretário adjunto de inovação do Mapa, faz uma retrospectiva do setor em sua coluna de estreia no Planeta Campo
Em sua coluna de estreia no site Planeta Campo, Cléber Soares, que é secretário adjunto de inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), fez uma retrospectiva da evolução da agropecuária nacional. Ele lembrou que há 40 ou 50 anos o país era importador de produtos agrícolas e que, atualmente, é um dos players mais importantes no cenário internacional, tanto com relação à produção quanto à exportação.
O secretário do Mapa acredita que essa evolução do Brasil, principalmente na produção de grãos e proteína animal, deve-se ao emprego de técnicas que são tanto adaptativas quanto sustentáveis.
A agropecuária brasileira
“[Nossa produção] é sustentável porque com a introdução da tecnologia, com o avanço da inovação no agronegócio Brasileiro, nós avançamos muito naquilo que nós chamamos de efeito poupa terra. Se o Brasil nos dias de hoje, no século 21, adotasse e se nós usássemos as mesmas tecnologias de 40, 50 anos atrás, seguramente, seria necessário próximo de três vezes a área produtiva que nós produzimos hoje mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos e produtos agrícolas como um todo”, disse Cléber.
Outro fato importante para o desenvolvimento sustentável da produção de alimentos no Brasil está associado a implementação do Plano ABC, entre os anos de 2010 e 2020. Desde então, Cléber informa que houve avanços importantes em cada uma das seis tecnologias do Plano:
Recuperação de pastagens – mais de 15 milhões de hectares de áreas de pastagens foram recuperadas;
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – Há 15 anos o Brasil não passava de 5 ou 6 milhões de hectares de áreas com sistemas integrados de produção. Porém, em 2020 nós chegamos a 17 milhões de hectares de áreas com diferentes combinações de ILPF.
Florestas Plantadas – Cléber afirma que, seguramente, o país tem mais de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, principalmente de eucalipto. As árvores são essenciais para mitigar, sequestrar e estocar carbono.
Manejo de dejetos animais – O Plano ABC incentivou o tratamento dos resídos sólidos dos animais, transformando-os em biofertilizantes, por exemplo.
Sistema de Plantio Direto – A técnica tem diversos benefícios, entre eles o de conservar o solo, melhorar a microbiota do solo e aumentar a condição hídrica. “Hoje nós temos, seguramente, pelo menos, 15 milhões de hectares plantados em Sistema de Plantio Direto, principalmente nas lavouras de soja e milho”, afirma Cléber.
Fixação biológica de nitrogênio – Em média, por ano, o Brasil economiza algo em torno de US$ 12 bilhões pelo não uso de fertilizantes nitrogenados. Isso é possível por meio da utilização de bactérias que fixam nitrogênio no solo. “Essa é uma tecnologia revolucionária em termos de descarbonização, em termos de mitigação de gases de efeito estufa, porque nós sabemos que o dióxido nitroso é cerca de, pelo menos, 200 vezes mais deletério que o gás carbônico, dentre outros gases de efeito estufa”.
Todos esses avanços fizeram o Brasil superar as metas com as quais havia se comprometido. “A agricultura brasileira se comprometeu a implementar sistemas descarbonizantes em cerca de 35 milhões de hectares de sistemas agropecuários sustentáveis no Brasil, entre 2010 e 2020. O compromisso assumido pelo Brasil, pelo setor agropecuário, foi de mitigarmos de 152 a 160 milhões de CO2 equivalentes. Mas como o brasileiro e como nosso produtores são extremamente ousados e arrojados, nós superamos em muito essas metas. No primeiro decênio a agropecuária brasileira implementou sistemas agropecuários sustentáveis, descarbonizantes em 52 milhões de hectares agropecuários no Brasil. Isso representa o equivalente, em termos de dimensão, a duas vezes o território da França. E em termos de mitigação nós superamos a mais em 15%, ou seja, batemos aí algo em torno de 172 milhões de toneladas CO2 equivalente”, detalhou Cléber.
Ele também comentou sobre as próximas fases do Plano ABC, que configuram o ABC+, falando sobre os objetivos do projeto na próxima década.
Confira o comentário completo da coluna de estreia de Cléber Soares: