Palavra de Especialista

COP30: O papel estratégico do agro nas prioridades da Cúpula do Clima

Renato Rodrigues analisa a carta oficial do presidente da COP30, André Correa do Lago, e explica o papel fundamental do agro brasileiro na agenda climática, destacando como o setor pode transformar desafios em soluções sustentáveis.

COP30: O papel estratégico do agro nas prioridades da Cúpula do Clima

Em um cenário global cada vez mais desafiador devido às mudanças climáticas, o Brasil se prepara para sediar a COP30, a 30ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em Belém, no Pará, em 2025. Este será um marco importante, pois será a primeira vez que o evento ocorrerá no Brasil, um país que é uma potência agrícola global e possui uma enorme responsabilidade na agenda ambiental mundial.

Recentemente, o presidente da COP30, embaixador André Correa do Lago, divulgou uma carta oficial que traça as prioridades para a conferência. O documento reforça a urgência de ações concretas no combate à crise climática, destacando a necessidade de implementar soluções que envolvam todos os setores da economia, especialmente o agronegócio. A carta marca um momento de inflexão, em que o foco se desloca das negociações para ações práticas e eficazes.

Os Pilares da COP30 e a Inserção do Agro Brasileiro

A carta de André Correa do Lago enfatiza três pilares essenciais: a aceleração da transição energética, a transformação do uso da terra e a reforma da arquitetura financeira global. Estes temas têm grande impacto sobre o agronegócio, setor que, segundo o embaixador, precisa estar profundamente engajado no processo. O agro brasileiro está na linha de frente dessas discussões, com destaque para a adoção de práticas agrícolas regenerativas, a redução das emissões de metano e a capacidade de sequestrar carbono na agricultura.

Renato Rodrigues, no quadro Palavra de Especialista do programa Planeta Campo, destaca que o agro deve ser visto como um agente ativo na solução do problema climático, não apenas como um setor impactado pelas mudanças. A transição energética e a proteção das florestas, dois pontos cruciais da agenda, não podem ser tratadas sem considerar a agricultura como um pilar fundamental.

O Agro como Provedor de Soluções Climáticas

A carta do embaixador André Correa do Lago propõe um novo modelo de governança global, no qual a transformação do uso da terra e a proteção de florestas sejam centrais para o enfrentamento da crise climática. O Brasil, como principal ator do setor agrícola, tem uma oportunidade única de liderar essa transição, demonstrando que é possível conciliar produtividade e sustentabilidade.

A proposta de criar um “mutirão global”, inspirada nas tradições indígenas brasileiras, reflete a necessidade de um esforço coletivo. O agro pode, e deve, ser parte desse movimento, colaborando para a restauração de florestas e implementando soluções como o uso de remineralizadores de solo, que além de sequestrar carbono, melhoram a fertilidade e reduzem a dependência de insumos agrícolas convencionais.

O Desafio do Agro na COP30: Ser Protagonista ou Expectador?

A COP30 será um divisor de águas. O mundo já ultrapassou a meta de 1,5°C de aquecimento global, conforme estipulado pelo Acordo de Paris. Diante disso, a falta de ação pode ser considerada uma falha de liderança. O agro brasileiro tem agora a chance de assumir a posição de protagonista, contribuindo com soluções práticas e escaláveis que atendem à agenda climática global.

O Brasil, com seu vasto território agrícola, pode fornecer respostas para a crise climática, desde a implementação de tecnologias agrícolas sustentáveis até a adoção de políticas públicas que incentivem práticas regenerativas. A questão é: o setor estará pronto para abraçar essas oportunidades e transformar desafios em soluções concretas para o futuro?