
O agronegócio brasileiro enfrenta uma série de desafios cotidianos que impactam diretamente a produção e a comercialização de produtos agrícolas e pecuários. Um dos problemas mais comuns, porém pouco discutidos, refere-se ao embargo de propriedades devido à falta de autorização para o desmatamento. Essa situação ocorre quando órgãos ambientais, como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), identificam irregularidades nas atividades de uma propriedade e, ao constatar que não há documentos que comprovem a legalidade do desmatamento, acabam emitindo autos de infração e bloqueios administrativos.
No quadro Qual a Solução? do programa Planeta Campo, do Canal Rural, o advogado especializado em direito ambiental Curt Trennepohl apresenta as alternativas legais que os produtores rurais podem buscar para resolver essa pendência sem comprometer a continuidade das suas atividades. Esse é um tema relevante, já que o embargo de uma área pode ter consequências financeiras devastadoras para quem depende da comercialização de grãos ou do gado produzido.
O que ocorre quando uma propriedade é embargada?
Quando os órgãos ambientais, como o IBAMA, fiscalizam uma propriedade e identificam que o desmatamento foi realizado sem a devida autorização, o proprietário pode ser autuado. Nesse momento, o produtor precisa comprovar que a licença de desmatamento foi emitida pelo órgão competente do estado ou, em alguns casos, pelo próprio órgão federal. Caso essa documentação seja apresentada e validada, é possível solicitar a anulação do auto de infração e a liberação da obra ou atividade embargada.
Contudo, o processo de análise dessa defesa e o despacho sobre o desembargo não é imediato. Muitas vezes, devido ao excesso de processos e acúmulo de serviços nos órgãos responsáveis, a análise da documentação leva tempo. Nesse meio período, a área continua embargada, o que impede o produtor de comercializar sua produção agrícola ou pecuária.
Impactos do embargo no agronegócio
O embargo de uma área tem um impacto direto na economia do produtor rural. Isso ocorre porque, durante o embargo, a propriedade não pode ser utilizada para a venda dos produtos ali cultivados, como grãos ou carne. Além disso, o produtor fica impossibilitado de realizar novas atividades, como a colheita ou o transporte de produtos que já foram produzidos.
A situação se agrava ainda mais quando o processo de análise da defesa é moroso. Em muitos casos, os prazos estipulados pelos órgãos ambientais não são cumpridos, o que aumenta o tempo de espera e a insegurança jurídica para o proprietário.
O que pode ser feito para acelerar o processo?
A legislação brasileira prevê que os processos administrativos, tanto ambientais quanto em outras áreas, devem ter uma duração razoável, conforme estipulado pela Constituição Federal. Assim, os produtores podem solicitar administrativamente que o órgão ambiental acelere a análise da defesa e o julgamento do processo de desembargo.
Caso essa solicitação não seja atendida dentro de um prazo razoável, a alternativa recomendada por Curt Trennepohl é recorrer à justiça. O produtor pode entrar com um mandado de segurança, um instrumento jurídico utilizado para garantir que o direito de propriedade seja respeitado, e, no caso do embargo, para garantir que a análise da defesa seja realizada com urgência.
A decisão judicial, geralmente, favorece o requerente, permitindo que a autoridade competente realize a análise da defesa e, se for o caso, promova o desembargo da área. Esse é um caminho legítimo para garantir que o produtor tenha sua área desbloqueada, minimizando os prejuízos causados pelo embargo indevido.
Como garantir que o processo de desmatamento seja feito de maneira legal?
A prevenção é o melhor caminho para evitar o embargo. Portanto, é essencial que os produtores rurais se informem sobre as exigências legais antes de realizar qualquer atividade de desmatamento ou alteração na vegetação nativa de suas propriedades. Além disso, manter toda a documentação em dia e atualizada é fundamental para evitar contratempos durante as fiscalizações.
A consulta a profissionais especializados, como advogados e consultores ambientais, também é uma medida importante para garantir que todas as licenças sejam obtidas e que as atividades estejam em conformidade com a legislação vigente. Esse planejamento prévio pode evitar que o produtor seja surpreendido por embargos e autuações indesejadas.
Conclusão
A solução para o embargo de áreas no agronegócio passa, muitas vezes, pela resolução administrativa e, em casos mais complexos, pela judicialização do problema. A análise rápida e eficiente das defesas apresentadas pelos produtores, bem como o cumprimento dos prazos legais, são aspectos essenciais para garantir a continuidade das atividades rurais. A orientação jurídica e o cumprimento das normas ambientais são fundamentais para garantir que o agronegócio brasileiro siga crescendo de forma sustentável e em conformidade com a lei.